Apesar do crescimento, a frota brasileira (automóveis, veículos comerciais leves, ônibus, caminhões e motocicletas) reduziu a emissão de alguns gases poluentes nos últimos 18 anos. O nível de monóxido de carbono, por exemplo, que era de 5,5 milhões de toneladas no início da década de 90, caiu para 2 milhões de toneladas em 2008. Os números são do 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, divulgado quinta-feira no Rio de Janeiro.
De acordo com o levantamento, os 36 milhões de veículos da frota brasileira são responsáveis por 90% das emissões de gases poluentes e de efeito estufa. No entanto, de acordo com o governo, o impacto tem sido reduzido desde a implantação do Programa de Controle da Poluição por Veículos (Proconve), em 1986.
Antes do Proconve, os carros podiam emitir até 58 gramas de poluente por quilômetro. Com a regulamentação, esse limite atualmente é de 0,5 gramas por quilômetro. A renovação da frota e a utilização de biocombustíveis, como o etanol, também contribuíram para a redução. Ainda de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o governo pode anunciar nos próximos meses o aumento da proporção de biodiesel na mistura com o diesel, saindo do atual B-5 (5% de biodiesel) para o B-10 (10%) ou até B-15 (15%), o que pode reduzir ainda mais a emissão do poluente. Outra medida nessa direção é a entrada em vigor da nova meta de poluição de 0,2 gramas por quilômetros a partir de 2013.
O inventário aponta que o transporte individual de passageiros emite 40 vezes mais poluente que o transporte público. Outro alerta do documento é o crescimento do número de motocicletas em circulação no país: em 2008 eram cerca de 9 milhões e devem chegar a 20 milhões em 2020. O estudo mediu as emissões de monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos não metano, aldeídos, material particulado e emissões evaporativas, além de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono e o metano.
– Chama a atenção que um veículo bem regulado evita três buracos: um no clima, um no pulmão e um no bolso. Por isso, a gente vai fazer uma propaganda massiva para incentivar o cidadão a exercer esse consumo consciente – garantiu o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, de saída do governo para se candidatar em outubro.
Minc defende ampliação do transporte coletivo
Apesar da redução das emissões de monóxido de carbono, o 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários mostrou que a emissão de CO2 (dióxido de carbono), apontado como o principal gás responsável pelo efeito estufa, aumentou de 60 milhões de toneladas na década de 80 para 140 milhões de toneladas em 2008. Para Minc, apenas investimentos na rede de transporte público e políticas de biocombustível podem reduzir a emissão de CO2.
– Se você não tiver muitas alternativas de trem e de hidrovia, de transporte público, o simples aumento do biodiesel ao diesel, apesar de ajudar muito, não resolve. Tem que combinar uma mudança de peso dos modais na participação tanto do transporte de passageiro como de transporte de carga – argumentou o ministro.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, dentre as frotas de veículos, as de automóveis continuam sendo as mais poluentes – devido ao seu número, já que individualmente as motos poluem mais. Já entre os combustíveis, a gasolina causa mais impacto. As motos emitem três vezes mais monóxido de carbono que um carro de passeio.
Segundo a pesquisa, na década de 80 existiam 7,5 milhões de carros e em 2008 esse número subiu para 21,1 milhões. O último registro apontou ainda que existiam 36 milhões de veículos (ônibus, caminhões, veículos comerciais, motocicletas e automóveis) em 2008. Outro dado que chamou a atenção foi o aumento de motocicletas no país, que passou de cerca de 270 mil (1980) para 9,2 milhões, em 2008. Segundo o estudo, apenas 2% do total de motos registradas no ano retrasado são flex – que usa tanto álcool quanto gasolina.