Mercado

Emerson quer ampliar atuação no País

Empresa dos EUA tem como desafio entrar no mercado de geração de energia limpa. A evolução do setor de energia limpa brasileira e seu crescente reconhecimento internacional fizeram a Emerson, multinacional de automação industrial e controle de processos sediada em St. Louis, nos Estados Unidos, voltar os olhos para o Brasil. O vice-presidente senior e diretor de tecnologia da companhia, Randall D. Ledford, esteve no País no final de março e visitou novas empresas nacionais de tecnologia para biocombustíveis – etanol e biodiesel -, biogás e célula a combustível. “Ter energia, especialmente energia limpa, é um desafio para todo o mundo, e o Brasil tem demonstrado um grande potencial nesta área”, afirmou a este jornal.

O executivo, Ph.D em física, é responsável na Emerson por vislumbrar o futuro da companhia, buscando tecnologia existentes no mercado e identificando outras tantas que deveriam ser desenvolvidas. A atividade, fala-se internamente na empresa, é essencial para o desenvolvimento do grupo já que 46% do faturamento da Emerson é gerado com a venda de produtos criados nos últimos cinco anos.

Ledford disse que tem avaliado o setor de energia em todo mundo há pelo menos cinco anos e já investiu “alguns milhões de dólares” na área, disse Ledford, sem revelar números, na aquisição e empresas de tecnologia, ou na parceria para investimentos, e no desenvolvimento e produção de equipamentos e soluções próprios para reduzir os custos e melhorar a performance de empresas de energia. Ele informou que anualmente são gastos US$ 600 milhões em pesquisa e desenvolvimento, para todas as áreas de negócios do grupo. “Trabalhamos com automação para o setor de geração de energia há entre 15 e 20 anos, e nos últimos anos passamos a observar com mais cuidado os biocombustíveis”, afirmou o executivo.

O nome das empresas visitadas no Brasil e potenciais negócios que podem ser gerados em decorrência da visita são mantidos em sigilo, mas a intenção da companhia no Brasil é aumentar sua participação no mercado de geração e entrar definitivamente no segmento de biocombustíveis. Ledford disse estar otimista com “o mundo de oportunidades” de negócios no País, mas destacou que a questão legal como uma barreira. “As leis são um desafio, mas a Emerson vislumbra grandes oportunidades, no setor de energia, como também em petroquímica, celulose e papel e mineração.”

Em energia, por hora apenas duas usinas de geração no País possuem soluções mais completas da Emerson para controle de seus processos: as térmicas a gás natural Uruguaiana, do grupo AES, e Três Lagoas, da Petrobras. De acordo com o diretor de desenvolvimento de negócios da Emerson Process Management no Brasil, Telmo Ghiorzi, não há meta de negócios já estabelecida na área de geração de energia no País, mas destacou que nos Estados Unidos a companhia participa em cerca de 43% do total de geração térmica do país, a caminho de alcançar o objetivo de 45% de participação. Esta mesma cifra é meta na China, onde hoje a participação da companhia norte-americana é de 33%.

Ghiorzi lembrou que as estimativas do setor elétrico são de que, para atender ao crescimento da demanda por energia, será necessário aumentar a geração em cerca de 4 mil megawatts por ano, o que significa cerca de US$ 4 bilhões/ano. “Um projeto de geração consome cerca de 3% do investimento em automação, portanto temos um potencial de negócio de mais de US$ 100 milhões anualmente.”

A expectativa é fornecer serviços para otimizar a performance de usinas de geração de energia, térmicas e hidrelétricas, tanto das novas usinas como reformas de antigas. “Já estamos negociando novas usinas a carvão e a gás e reformas”.

No que diz respeito a projetos de biocombustíveis, o desenvolvimento de mercado pode ser ainda mais demorado. Por hora a empresa não possui nenhum grande fornecimento para empresas nesse segmento. “Mas a parte industrial da produção do etanol ou do biodiesel é similar a de outros processos, como o petroquímico e o químico, em que temos forte atuação”, ponderou Ghiorzi.

A companhia não divulga valores referentes à operação brasileira, mas informa que a Petrobras é o principal cliente da unidade de gerenciamento de processos da Emerson no Brasil e responde por 45% do total de faturamento da divisão. A empresa também tem como clientes a Braskem e a Suzano.

Foco também em mineração

Ghiorzi também destacou a possibilidade de novos negócios na área de mineração, que se tornou foco da empresa há três anos. O primeiro grande contrato da companhia foi fechado com a Samarco, no ano passado. “Mineração é outro setor que deve passar por um período de forte investimento no País. Devem ser investidos US$ 40 bilhões em dez anos”, ressaltou.

A empresa vê um grande potencial de estreitamento do relacionamento com a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), já que a recém adquirida Inco é um cliente antigo da Emerson e com projetos completos em várias minas. “Com a compra da Inco, nosso relacionamento naturalmente se intensifica. Agora a CVRD vê em casa o resultado dos processos Emerson”.