Um evento promovido no final de setembro pela Embrapa, reuniu os principais formadores de opinião sobre o potencial do sorgo sacarino para a produção de etanol. Segundo eles, há necessidade de desenvolvimento de híbridos para a produção de sementes, métodos eficientes para o controle de pragas e doenças, maior produtividade e disponibilidade de materiais transgênicos no mercado.
“Trabalhar para o desenvolvimento de cultivares híbridas e no combate aos estresses bióticos – doenças – e abióticos – tolerância ao alumínio e aquisição de fósforo, são nossas diretrizes”, resumiu o pesquisador José Geraldo Eugênio de França, do Ipa (Instituto Agronômico de Pernambuco).
Geraldo Eugênio, que já foi diretor-executivo da Embrapa, destacou a necessidade de as empresas de pesquisa lançarem no mercado cultivares que não apresentem problemas de tombamento, facilitando operações de colheita, e que não floresçam, com baixa produção de grãos, que dificultam o processo de moagem.
A matéria-prima suplementar à cana-de-açúcar para a produção de etanol foi citada como opção para o cultivo em 500 mil hectares de áreas de renovação de canaviais. Entre suas vantagens – altamente produtivo, uso da mesma infraestrutura de colheita e maior eficiência no uso de água, se comparado à cana – foram pontos positivos elencados na palestra do chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, Antônio Álvaro Corsetti Purcino. “Investimentos em pré-melhoramento e o desenvolvimento de híbridos são as principais necessidades em P&D”, disse.
O potencial da cultura vem sendo cada vez mais disseminadoEntre o setor sucroenergético. “O cultivo do sorgo sacarino apresenta valores intangíveis para a usina, como a otimização dos recursos humanos e materiais com a antecipação da safra, a redução da sazonalidade na oferta de energia elétrica e a concentração em sua atividade principal, o core business, que é a produção de etanol”, destacou Fernando Pimentel, da Agrosecurity, empresa especializada em gerenciamento de riscos em operações financeiras no agronegócio.
Para o agrônomo Paulo Ribas, da Valor Orientações Agropecuárias, empresa que presta serviços técnicos, a indústria brasileira de sementes de sorgo tem tecnologia e está capacitada para suprir as demandas do mercado. “Os maiores desafios estão na parte agronômica”, completou William Burnquist, gerente geral da Ceres Sementes do Brasil, se referindo a métodos mais eficientes para o combate às ervas daninhas – existem poucos produtos registrados pelo Ministério da Agricultura – e à broca-da-cana, uma das principai s pragas que atacam a cultura.
O objetivo principal dessas cultivares – a elevada produção de etanol – vem delineando a redação do documento conclusivo desse seminário. Para tanto, os participantes responderam a perguntas como qual a produtividade mínima a ser alcançada para tornar viável a produção de sorgo sacarino? Economistas, tendo como referência os atuais preços do etanol, definiram entre 45 e 50 toneladas por hectare, com rendimento de cerca de 2,4 mil litros na mesma área. No entanto, diante desse universo de questões e resultados de pesquisas, viu-se maior necessidade de interação e intensificações das parcerias entre as iniciativas pública e privada para tentar reverter o quadro atual no mercado de combustíveis, onde a demanda de etanol é maior que o fornecimento.
Mais informações: NCO (Núcleo de Comunicação Organizacional) da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária): (31) 3027-1272 ou [email protected]. (Fonte: Embrapa)