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Embraer investe em combustível verde

A Embraer está investindo no desenvolvimento de diferentes tecnologias de bioquerosene de aviação. Um dos projetos envolve a Tecbio, empresa de pesquisa do Ceará pioneira no desenvolvimento de biodiesel. A Tecbio vem desenvolvendo pesquisa sobre bioquerosene desde 2006, em parceria com a Boeing. A Embraer entrou no mesmo projeto, mas colaborando em diferentes etapas da pesquisa. As duas parcerias são complementares, disse o coordenador do programa de desenvolvimento tecnológico de bioquerosene da Tecbio, Ayres Correia de Sousa Filho.

A linha de pesquisa é uma só, mas diante da complexidade do assunto foi necessário envolver mais do que uma empresa, afirmou ele.

O bioquerosene tem com base mistura de óleos vegetais. Por razão de sigilo, Ayres não revelou o nome das matérias primas vegetais. Os engenheiros da Tecbio foram responsáveis por projeto de bioquerosene de aviação financiado pela Aeronáutica em 1984.

O projeto não tinha nada de ambiental. A preocupação era de segurança nacional, para reduzir a dependência nacional do petróleo. À época, o bioquerosene, em sua forma pura, sem mistura, chegou a ser utilizado durante vôo teste, em avião Bandeirante, de São José dos Campos a Brasília. Mas o projeto foi engavetado pela Aeronáutica e todos os relatórios da pesquisa, feita pelo engenheiro fundadora da Tecbio, Expedito Parente, permanecem sob sigilo.

emissão até 80% menor. Estamos tentando resgatar esses relatórios , disse Ayres. Em conversa informal com militar que fez o vôo na época soube que a emissão de poluentes era 70% a 80% menor.

Desta vez, já foram realizados alguns testes preliminares. Além do bioquerosene puro, a Tecbio está testando uma mistura de bioquerosene com querosene de aviação.A parceria com a Tecbio é apenas um dos projetos de biocombustível nos quais a Embraer está envolvida.

Estamos trabalhando em vários projetos, com parceiros diferentes, na busca de combustíveis alternativos, e tentando minimizar as modificações necessárias nos aviões, afirmou diretor de estratégias e Tecnologias de Meio Ambiente, Graciliano Campos.

Segundo ele, os estudos realizados até o momento mostram que a tecnologia é viável. Pelo cronograma do projeto mais avançado, o primeiro vôo teste com o bioquerosene deve acontecer em meados de 2009.

Todos os projetos envolvem pesquisa de bioquerosene. Pioneira no uso do etanol na aviação, com o avião agrícola Ipanema, a Embraer não tem projetos para uso de etanol nos jatos.

Não abandonamos as pesquisas com etanol, mas para motores a jato isso implicaria em um desafio muito grande, afirmou. Com a pressão sobre companhias aéreas para reduzir as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa, os fabricantes iniciaram uma corrida para tornar o avião ainda mais eficiente.

Devido aos altos custos do combustível, a indústria aeronáutica sempre buscou avanços tecnológicos, disse Campos, acrescentado que os aviões hoje emitem 70% menos poluentes que há 40 anos.

Assim como as demais fabricantes, a Embraer também busca ganhos de eficiência com o aprimoramento da estrutura aerodinâmica dos aviões.

Há nova geração de inovações tecnológicas que reduzem atrito e tornam os aviões mais eficientes, afirmou Campos. A empresa aderiu ao uso de madeira certificada no interior dos jatos executivos e tem se esforçado para reciclar praticamente todo resíduo de sua produção, do óleo da cozinha do refeitório a metais pesados.