Os embarques brasileiros de açúcar subiram 15% no primeiro semestre deste ano, atingindo 3.888,5 milhões de toneladas (bruto e refinado), sobre os 3.385,37 milhões comercializados no mesmo período de 2001, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em receita, as exportações totalizaram US$ 670,25 milhões, valor 8,6% menor sobre o primeiro semestre de 2001 (veja quadro ao lado).
O bom desempenho das exportações deve-se à valorização do dólar sobre o real. Com a moeda norte-americana fortalecida, os embarques de produtos agrícolas têm se tornado lucrativo aos agricultores. No caso do açúcar, os preços internacionais da commodity mantêm-se firmes nos últimos dois meses, mesmo com o avanço da colheita de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, o que estimula os embarques. A queda na receita no período, porém, é reflexo da redução dos preços internacionais do açúcar nos últimos 12 meses, em razão da maior oferta mundial de açúcar.
“Os estoques de açúcar das indústrias sucroalcooleiras estão praticamente zerados”, diz Júlio Maria Martins Borges, diretor da JOB Economia e Planejamento. Segundo Martins Borges, a demanda internacional por açúcar tem sido forte no momento.
A Rússia, maior importador mundial do produto, dominou praticamente as compras no primeiro semestre deste ano. Clientes, como o Oriente Médio, Sudoeste Asiático e Norte da África, estão no mercado.
Além das vendas brasileiras no mercado mundial, a Austrália e África do Sul também são ofertantes no momento. A produção de açúcar da África do Sul está estimada em 2,59 milhões de toneladas nesta safra, a 2002/03, quase 9% maior sobre o volume da safra anterior, de 2,38 milhões de toneladas, de acordo com a Associação dos Produtores de Açúcar da África do Sul.
No mercado físico, a procura pelo produto continua firme, com o interesse de países asiáticos e do Oriente Médio.
O cenário favorável ao açúcar tende a se reverter a partir de setembro, quando os países do leste europeu entram no mercado. A partir de outubro, os países da União Européia serão os principais players do mercado internacional. Com a recuperação da safra de beterraba, a produção de açúcar daquele continente poderá ser 10% maior.
No Brasil, mesmo com o avanço da safra, os preços do produto no mercado interno mantêm-se firmes em razão da redução da oferta no mercado interno. Com os preços atraentes para exportação, as usinas têm priorizado os negócios no exterior. Na semana encerrada dia 19 de julho, a cotação média da saca de 50 quilos do produto foi de R$ 18,94, com variação positiva de 9,23% sobre a semana anterior, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).