Mercado

Embarque de açúcar perde volume, mas receita cresce

Ao contrário dos prognósticos baixistas feitos pelas usinas de açúcar do Centro-Sul do país, no início do ano passado, as exportações brasileiras do produto encerraram 2003 com saldo positivo em relação a 2002. As receitas com embarques de açúcar somaram US$ 2,14 bilhões no ano passado, com incremento de 2,2% sobre o ano anterior, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Em volume, os embarques totalizaram 12,91 milhões de toneladas de açúcar, 3,3% abaixo dos 13,35 milhões de toneladas verificados em 2002. Uma das principais pautas de exportação agrícola, o açúcar encerrou 2003 representando 3% do total das exportações brasileiras.

“O bom desempenho em receita reflete a alta dos preços da commodity no primeiro semestre de 2003”, afirma Júlio Maria Martins Borges, diretor da Job Economia e Planejamento. “A queda em volume ocorreu em função da estocagem voluntária feita pelas usinas, sobretudo, a partir do segundo semestre, quando os preços internacionais apresentaram sinais de queda”.

Em 2002, a performance de preços teve um movimento oposto, observa o analista, explicando que primeiro semestre do foi marcado por preços baixos.

A expectativa, diz Martins Borges, é de que as exportações de açúcar em volume do ano-safra 2003/04 (de abril a maio) sejam superiores ao ciclo anterior, 2002/03. O resultado final poderá ser alterado pelos grandes embarques do Nordeste do país, intensificado a partir de outubro do ano passado, e do escoamento da safra de açúcar estocada do Centro-Sul. Para 2004, as previsões são de que as exportações batam recorde em razão do aumento da safra de cana no país.

Os resultados já puderam ser conferidos em dezembro passado, quando o país embarcou 1,66 milhão de toneladas de açúcar, 36% acima do mesmo mês de 2002, segundo dados preliminares do Secex. “A tendência é de que a atual entressafra de açúcar seja exportadora, ao contrário do que ocorre tradicionalmente”, afirma Martins Borges.

As usinas de Pernambuco e Alagoas estão intensificando os embarques uma vez que os preços internacionais, mesmo baixos, ainda são mais vantajosos que os negócios fechados no mercado interno. No Centro-Sul, as usinas apostam nas exportações para desovar seus estoques.