Três usinas de açúcar e álcool do Nordeste vão fazer o primeiro embarque de açúcar VHP (Very High Polarization) da região, um produto de maior valor agregado, com menor índice de impurezas que o tipo demerara (açúcar bruto). “As usinas do Nordeste querem se tornar tão competitivas quanto as empresas do Centro-Sul do país”, afirmou Manoel Fernando Garcia, presidente da trading S/A Fluxo.
Tradicionalmente, as usinas sucroalcooleiras do Nordeste são produtoras de açúcar refinado e do tipo demerara. De acordo com Garcia, esses volumes do açúcar que serão exportados foram produzidos pelas usinas Agroval, da Paraíba, e Salgado e Petribu, ambas de Pernambuco.
“O total de volume embarcado é de 14 mil toneladas, com destino à Tunísia”, disse Glynne Williams Mello, diretor-sócio da Williams Brasil, companhia de agência marítima, responsável pelo embarque do produto. O embarque será realizado na quarta-feira e sairá do porto de Recife (PE), pelo navio Sports Queen. “O Brasil passa a oferecer açúcar VHP nas duas principais regiões produtoras do país”.
Conforme Garcia, as usinas de Pernambuco e Alagoas estão elevando investimentos em suas instalações para produzir mais açúcar de melhor qualidade.
Ainda segundo ele, os países do Oriente Médio, que estão entre principais importadores do açúcar brasileiro, preferem importar açúcar VHP por conta do menor nível de impurezas
No ano passado, as usinas do país exportaram 12,025 milhões de toneladas de açúcar, dos quais 7,7 milhões de toneladas, ou 64% do total, foram do tipo VHP, produzidos pelo Centro-Sul.
As estimativas são de que as usinas do Nordeste produzam nesta safra, a 2004/05, até 4,5 milhões de toneladas de açúcar, segundo especialistas do setor. O clima seco está beneficiando a colheita de cana na região, o que favorece também a concentração de ATR (total de açúcar na cana). As previsões mais otimistas indicam que a colheita de cana poderá atingir até 63 milhões de toneladas. Confirmada a expectativa, o crescimento em relação à safra anterior, de quase 60 milhões de toneladas, será de 5,2%.