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Em meio à crise mundial, Brasil produz alimentos e biocombustível

Nas últimas semanas, se fala muito na crise mundial dos alimentos. Os preços sobem, a preocupação aumenta. Fala-se no crescimento da fome nos países mais pobres. O Brasil tem muito a ver com essa história, por ser um dos maiores produtores do planeta. Veja como os produtores brasileiros estão se preparando para esses novos tempos.

O milharal está bonito. Choveu na hora certa, e as espigas estão graúdas. “Essa espiga vai crescer mais um pouco”, explica um senhor

O agricultor Cristiano Nermen Zart acreditou no mercado, investiu em tecnologia e aumentou a produtividade. “A expectativa é de colher uns 120 sacos por hectare. No ano passado, a gente fez uma média de 90 sacos.Com certeza, vou produzir mais”, afirma o jovem.

No Mato Grosso do Sul, muitos produtores enxergaram na escassez mundial de alimentos uma boa oportunidade de aumentar a lucratividade das fazendas. Tanto que na safrinha de milho, no inverno, a área plantada aumentou de 2% a 3%.

No Brasil, a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é uma produção de 56 milhões de toneladas de milho, mais do que na safra passada. “Nós estamos trabalhando, praticamente pagando os custos. Em algumas culturas, estamos empatando ou obtendo o resultado negativo. Com esses preços que estão sendo praticados agora e que estão sendo previstos para os próximos anos, nós teremos uma boa rentabilidade. Isso nos anima a continuar na atividade e inclusive aumentar a área de plantio”, explica o engenheiro agrônomo Rogério Zart.

O engenheiro agrônomo plantou 150 hectares a mais do que na safra passada. Enquanto os produtores americanos investem no milho para a produção de etanol, os brasileiros plantam grãos para produzir alimentos, sem ficar de fora da corrida pelo biocombustível.

Há possibilidade de a gente diversificar a produção, produzindo etanol e grãos, sem sombra de dúvida, e sem perder mercado, o que é mais importante”, afirma o economista Sérgio Torres.

Muitos produtores estão cautelosos e plantam cana, onde antes tinham pastagens degradadas. O agricultor Celso Dal Lago plantou 12 mil hectares. A tendência hoje é o pessoal arrendar essas áreas para a produção de cana. Nós temos o caso específico aqui, em que o proprietário rural conseguia manter apenas meia cabeça de gado por hectares. Nos arrendaram a propriedade, e hoje nós estamos produzindo nela 120 toneladas de cana por hectares, explica o agricultor.

Enquanto o mundo discute as prioridades do campo, por comida ou biocombustível, o Brasil dá sinal de que vai aproveitar as duas tendências.