Mercado

Em dia marcado pela cautela, dólar sobe 0,55%

O mercado brasileiro teve ontem um dia de cautela, à espera do discurso do presidente George W. Bush no Congresso, que estava previsto para a meia-noite. O dólar voltou a subir , fechando em alta de 0,55%, cotado a R$ 3,64, o nível mais alto desde 13 de dezembro, enquanto a Bolsa recuou 0,12%, apesar da valorização registrada pelas ações em Wall Street – o Dow Jones subiu 1,25% e o Nasdaq, 1,29%. O risco país caiu 1,05%, para 1.410 pontos.

Embora ninguém apostasse numa declaração de guerra de Bush contra o Iraque, o presidente poderia dar sinais de quando pretende iniciar os ataques. Num momento de tanta incerteza, os investidores preferem correr para a segurança do dólar. Além disso, algumas tesourarias de bancos que estavam apostando na queda das cotações, por considerar caro um câmbio acima de R$ 3,60, desmontaram as posições vendidas.

O Banco Central (BC) começou ontem a rolagem do US$ 1,735 bilhão de dívida cambial que vence no dia 3. A instituição conseguiu rolar US$ 944,6 milhões, ou 54,4% do vencimento, o que aliviou um pouco a pressão sobre o câmbio, mas teve de pagar mais caro do que no leilão anterior de contratos de swap cambial, realizado no dia 17. Nos últimos dias, o juro em dólar – que serve de referência para a taxa pedida pelas instituições nesses leilões – subiu com força, devido às incertezas no cenário externo. No caso do contrato com vencimento em março, o BC pagou uma taxa de 17% ao ano; no dia 17, a instituição vendera o mesmo papel, em dois leilões, pagando 8,85% e 9,28% ao ano. O BC fará hoje a segunda etapa da rolagem, ofertando 27.300 contratos com seis vencimentos diferentes. A instituição também vendeu US$ 300 milhões em linhas externas, em três leilões com compromisso de recompra, rolando metade dos US$ 600 milhões de linhas que vencem nos dias 3 e 4.

Os investidores em ações também colocaram o pé no freio, à espera do discurso de Bush. Nos últimos dez pregões terminados ontem, o Índice Bovespa (Ibovespa) acumula uma baixa de 13,62%. De acordo com a consultoria Economática, é a maior queda registrada pelo Ibovespa em dez pregões desde os dez dias úteis terminados em 27 de setembro, quando a queda foi de 14,3%.

O assunto doméstico do dia foi a compra, pelo Bradesco, da área de administração de recursos de terceiros do JP Morgan. Bradesco PN caiu 0,92%, um movimento normal, por causa dos custos da aquisição no curto prazo.

Braskem PNA esteve no topo da lista das maiores quedas do Ibovespa, com um tombo de 5,79%, seguida por Cemig ON (-5,39%) e Bradespar PN (-5,17%). As maiores altas foram as de empresas de telefonia celular: Tele Centro Oeste Celular PN (+4,97%), Telesp Celular PN (+4 ,80%), Tele Nordeste Celular PN (+4,05%) Os juros futuros devolveram boa parte da alta de segunda-feira, num ajuste técnico. O contrato de DI-futuro para julho recuou de 27,51% para 27,10% ao ano.

(O Estado de S. Paulo)

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