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Em 2020, bagaço e palha de cana poderão representar 14% da matriz energética

O potencial da bioeletricidade deve continuar crescendo. Em 2020, o bagaço e a palha de cana-de-açúcar poderão representar 14% da matriz energética brasileira, mas para que isso ocorra, será necessário que se transforme em meta de política setorial pública e também privada. A opinião é de José Goldemberg, ex-ministro de Ciência e Tecnologia.

Em 2008, cerca de 54% do consumo de energia nacional era originária de fontes não-renováveis, sendo que 36,6% vinha do petróleo. A biomassa responde por cerca de 28% da matriz energética, sendo a maior participação a da cana-de-açúcar, com 16,4%.

A hidroeletricidade, que fornece 13,8% da energia do País, que quando somada à biomassa e outras fontes alternativas, resulta em uma matriz energética brasileira constituída por 45,2% de fontes renováveis, um percentual bem acima da média mundial.

Para o especialista, o bagaço de cana pode ser um produto tão importante para a sustentabilidade energética do País quanto hoje é o etanol. “O futuro das usinas está na bioeletricidade e no álcool”, informa.

Atualmente, 100 usinas sucroenergéticas exportam bioeletricidade. Esse número é relativamente pequeno, se comparado ao potencial das 437 usinas existentes no País. O potencial de produção de bioeletricidade, apenas do setor sucroalcooleiro, chega próximo a 13.000 MW, o triplo da capacidade instalada de Belo Monte.

“Hoje são gerados cerca de 100.000 MW de energia e as projeções apontam para crescimento anual na ordem de 4%, para atender a demanda gerada pelo aumento populacional e de consumo das classes sociais mais elevadas. Essa oferta não necessariamente precisa vir de um único grande empreendimento como a usina de Belo Monte”, comenta.

Para ele, boas alternativas são as pequenas centrais hidrelétricas pois são de custo menor, apresentam baixo impacto ambiental e dispõem de um enorme potencial hídrico.

Além da biomassa e da hidroeletricidade estudos mostram que há um enorme potencial ainda não aproveitado em energia eólica e solar no País, que poderia substituir os 10% de eletricidade que ainda são gerados em usinas nucleares e térmicas, movidas a combustíveis fósseis.