“As usinas estão ficando iguais quando o assunto é eficiência no aproveitamento do açúcar que entra na indústria”. A avaliação é do gerente industrial da Usina Santa Cândida, de Bocaina, SP, Geraldo José Borin, que cita alguns indicadores para demonstrar a semelhança de desempenho entre as unidades: a eficiência de extração tem permanecido entre 96,5% a 97%, para moendas com seis ternos; as
perdas de sacarose, por conta da lavagem da cana, estão em 1,5%.
“Esse índice chegava a 3,5% há quatro anos. Algumas usinas adotaram a limpeza a seco. Outras reduziram, de maneira significativa, o teor de
impurezas”, observa.
A evolução na indústria colocou um ponto final na falta de controle das chamadas perdas indeterminadas. “Com o monitoramento da água de
multijato de filtros, evaporadores e cozedores, começou a ser realizada a identificação das perdas por área”, diz. A busca pela otimização provocou a adoção de algumas providências como a implantação de separadores de arraste e a mudança da geometria de
equipamentos. Segundo Borin, todo o processo de fermentação é,
atualmente, conduzido de uma maneira mais adequada. Ele destaca, entre outras etapas, o tratamento do caldo e a produção do mosto isento de material particulado. Mas não é só isto. O gerente da Santa Cândida enfatiza que existe maior atenção na operação dos separadores de centrífuga de fermento, o que implica na obtenção de um creme de lêvedo mais concentrado. “Na fermentação, há maior controle de temperatura e a utilização de cepas de leveduras selecionadas”,
acrescenta.
De acordo com ele, o setor tem, também, amplo domínio dos três sistemas de desidratação do álcool – ciclo hexano, mono-etileno glicol e peneira molecular. “Na destilação, não houve grandes ganhos nos últimos anos, pois essa área sempre apresentou bom desempenho”, ressalta.
De maneira geral, Geraldo Borin não tem dúvidas de que as usinas estão mais parecidas na eficiência. Esse constatação é resultado da sua vivência profissional e, principalmente, da sua experiência como um dos fundadores, primeiro coordenador e atual membro do Grupo de
Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro – Gegis,
que tem dois anos e seis meses de existência. O intercâmbio de
informações, nas reuniões do grupo, é um dos fatores que tem contribuído para o amadurecimento do setor nessa área. O Gegis, que conta com a participação de representantes de quarenta usinas, realiza
seminários e palestras para o debate de assuntos como preparo e moagem, balanço energético, qualidade da matéria-prima, gestão da manutenção, gestão de pessoas, entre outros.
Treinamento e automação – A utilização de equipamentos eficazes e o controle apurado de todo o processo de produção não são os únicos fatores responsáveis pela otimização da indústria sucroalcooleira. Os
investimentos em treinamento têm mudado o perfil dos funcionários que
atuam nas unidades. “O profissional não está mais preocupado somente com a operação unitária. Ele tem uma visão global da usina e está cada vez mais comprometido com os resultados”, avalia Geraldo Borin. Ele lembra que o aumento da automatização está fazendo com que as decisões sobre as operações nas usinas estão ficando nas mãos de
supervisores com formação universitária.
A automação tem sido outra grande aliada da otimização. “As usinas
realizaram investimentos altos na parte mecânica. Agora estão procurando melhorar a eficiência com a automatização das plantas industriais”, afirma Ricardo de Fayetti Siqueira, sócio-gerente da Next Automation, de São Paulo (SP).
Ele lembra que diversos sistemas, como cozimento contínuo e desidratação do álcool por mono-etileno glicol ou peneira molecular, não funcionam sem a automação. “Quanto maior a exigência em relação à
especificação do álcool e do açúcar, maior a necessidade de utilização dessa tecnologia”, enfatiza.
As usinas e destilarias estão cada vez mais preocupadas – conforme
informações de Ricardo Siqueira – com o planejamento de todo o processo, por meio da elaboração de um Plano Diretor de Automação – PDA.
Confira esta e outras informações referentes a tecnologia industrial na edição de julho do JornalCana.