A preocupação ambiental está ajudando a cana-de-açúcar e a safra de grãos a baterem recordes este ano. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ampliou suas estimativas para a produção de cana e de grãos em 2007 e o motivo principal é a agroenergia, associada ao clima favorável e ao aumento da produtividade.
Agora, o instituto prevê que a produção de cana, embalada pelo interesse no álcool combustível (etanol), vai atingir 491 milhões de toneladas em 2007, sendo 280 milhões de toneladas em São Paulo. A quantidade estimada é 7,9% maior que a do ano passado e 0,3% superior à da previsão anterior do IBGE, baseada em dados de fevereiro e divulgada no mês passado.
A estimativa para safra de grãos aumentou de 129,4 milhões de toneladas para 130,7 milhões de toneladas. A safra prevista atualmente é 11,8% maior do que a de 2006, de 117 milhões de toneladas. Se confirmada, será a maior safra desde a de 2003, que foi de 123,3 milhões de toneladas.
O aumento da safra de grãos também está ligado ao etanol. Só que, nesse caso, à produção dos EUA, onde o milho é matéria-prima para o combustível. Juntos, milho e soja representam 82% do total da safra brasileira de grãos prevista, ou 107,2 milhões de toneladas.
O preço dos dois produtos aumentou no mercado internacional. A alta é motivada pela especulação de que o uso do milho para a energia e o aumento de sua área plantada nos Estados Unidos serão feitos em detrimento da cultura de soja naquele país e diminuirão a oferta em relação à demanda mundial dos dois produtos, segundo o gerente do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola do IBGE, Neuton Alves Rocha.
Isso abriria espaço também para o aumento das exportações brasileiras.
De acordo com Rocha, a alta de preços desses produtos está incentivando os produtores brasileiros a investirem em tecnologia de fertilizantes, para aumentar a produtividade, e a ampliarem a área plantada.
A estimativa de produção de soja foi revista pelo IBGE para 56,9 milhões de toneladas (mais 0,3% sobre a anterior), a de milho de 1ª safra para 36,3 milhões (+ 1,1%) e a de milho de 2ª safra para 14 milhões (+ 5,5%). Além disso, o IBGE também aumentou a previsão de safra de café, para 37,5 milhões de sacas de 60 quilos (+ 5,6%). Nesse caso, a revisão foi motivada apenas pela chegada de mais informações de Minas Gerais, superiores às projeções usadas anteriormente.