Francisco Góes
A EcoSecurities, uma das líderes no mercado mundial de crédito de carbono, vai ampliar o seu modelo de negócio com uma maior participação em projetos de redução de gases do efeito estufa.
A estratégia inclui sociedades em novos empreendimentos e financiamentos a projetos ligados ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. No total, a empresa tem US$ 70 milhões para investir este ano em projetos de MDL em países, como Brasil e China.
Entre as perspectivas da empresa, sediada na Inglaterra, estão projetos que utilizam biomassa, como o bagaço de cana-de-açúcar para geração de energia elétrica. O brasileiro Pedro Moura Costa, presidente mundial da EcoSecurities, está no Brasil este mês para acelerar alguns projetos de MDL em biomassa.
Pelo MDL, os países desenvolvidos podem financiar projetos de redução de emissões de gases em países em desenvolvimento, contabilizando os empreendimentos como parte do cumprimento de suas próprias metas de redução fixadas no Protocolo de Kyoto. A EcoSecurities atua neste negócio como uma espécie de banco comprando créditos de carbono de projetos em países em desenvolvimento e vendendo-os para clientes em países desenvolvidos. Os maiores compradores são empresas de geração elétrica na Europa e no Japão, além de tradings. Em 2006, a empresa negociou créditos gerados pela Celulose Irani à Shell.
Costa diz que a empresa estrutura produtos financeiros que permitem aos seus clientes cumprir as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa. A EcoSecurities atua na concepção, desenvolvimento e gestão de projetos de MDL. Mas até 2006 a maior parte do faturamento da companhia vinha de atividades de consultoria. “A partir de 2007 começaremos a ter o ingresso de receitas das vendas de créditos de carbono”, diz.
Ele não faz previsões sobre receitas de vendas já que a empresa tem capital aberto na Bolsa de Valores de Londres desde dezembro de 2005. Mas um relatório do ABN-Amro, do ano passado, estima um faturamento líquido de ? 63,5 milhões em 2007.
Segundo Costa, os US$ 70 milhões disponíveis deverão alavancar investimentos maiores em MDL incluindo parceiros como a Cargill, que prospecta projetos na área de resíduos agrícolas no Brasil e no Sudeste da Ásia. No total, a Cargill tem 9% do capital da EcoSecurities. Hoje 35% das ações da empresa são comercializadas na bolsa. Outro sócio é a MSM Capital Partners, um fundo de venture capital, que tem 14%. O restante está com os fundadores e empregados.
Costa avalia que, apesar de o Brasil sempre ter sido considerado como um mercado potencial para o MDL, ao lado de Índia e China, o governo brasileiro deveria se engajar de forma mais dinâmica na atração de investimentos em projetos de redução de gases do efeito estufa. O Brasil vem perdendo espaço, em termos de créditos potenciais, no portfólio da EcoSecurities, presente em 24 países.
O Ministério de Ciência e Tecnologia considera que o país está bem posicionado. Em 2005, o Brasil era o primeiro em MDL no mundo e, hoje, ocupa a terceira posição (em termos de projetos em perspectiva de aprovação na Organização das Nações Unidas, ONU).
http://www.valor.com.br/valoreconomico/285/empresasetecnologia/empresas/EcoSecurities+investira+US$+70+milhoes+em+projetos+de+MDL+em+emergentes,,,51,4146351.html