Raúl Castro pode, surpreendentemente, preocupar-se com menos uma coisa enquanto herda a tarefa de governar Cuba no lugar de seu irmão Fidel: o estado da economia da ilha. O crédito vai, em grande parte, para a ajuda da Venezuela. O presidente Hugo Chávez vem usando suas tremendas reservas de petróleo para ajudar o governo de Fidel e confrontar a política de George W. Bush para a América Latina.
Para exasperação dos americanos, sempre determinados a forçar uma mudança de regime em Cuba sufocando a economia com o embargo econômico, o patrocínio venezuelano pode tirar pressão dos ombros de Raúl Castro neste momento de incertezas.
Wayne Smith, ex-diplomata americano em Havana, afirma que recentemente o governo Bush mudou a política de trabalhar vigorosamente para acabar com o regime de Fidel, para tentar assegurar também que ele não seja substituído por Raúl nem outro personagem comunista.
— A Venezuela entrou no meio da história, dando não apenas assistência a Cuba como também formando uma aliança com o país. Isso está levando o pessoal de Bush à loucura — diz.
Cuba é um dos últimos países comunistas do mundo. Sua economia está longe de ser saudável, mas também está longe da crise dos anos 90 — quando sua maior financiadora, a União Soviética, entrou em colapso. Comparada ao início da década de 90, quando as exportações chegaram a cair 75%, a economia cubana vem mostrando sinais de recuperação e abertura nos últimos anos. Não corre mais riscos de não sobreviver.
A questão é se essas aberturas vão perdurar. Enquanto Raúl dá sinais de que continuará controlando com mão-de-ferro a política, no campo econômico ele já se mostrou simpático a reformas semelhantes às já realizadas por outros governos autoritários como os da China e do Vietnã. Além de controlar o Exército, Raúl também controla a indústria do turismo de Cuba, que gera lucros de cerca de US$2 bilhões anuais.
O governo garante que a economia cubana cresceu 10% no ano passado, o que é um dado duvidoso. Mas até a CIA admitiu um crescimento de 8% em 2005. Os recursos de Cuba, como o níquel, estão com preços elevados no mercado e, no futuro, a ilha pode se beneficiar da venda de cana-de-açúcar — com o desenvolvimento da indústria do etanol. Havana também fechou acordos importantes com países como China, Canadá e Espanha.
— Isso pode ser revertido em melhorias para a população. Raúl pode se aproveitar disso — diz Eric Driggs, do Instituto para Estudos Cubanos da Universidade de Miami.