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É possível chegar a acordo na OMC, diz Amorim

Amorim fez a afirmação pouco antes de embarcar para Genebra, onde participa da reunião de ministros da OMC. Ele estava em São Tomé, na África, onde conversou com a enviada especial da BBC Brasil, Denize Bacoccina.

“A negociação comercial é complexa. Já é complexa entre dois, e mais ainda nesse caso, entre uma multiplicidade de atores”, disse Amorim.

“Mas eu acho que os ministros não iriam se deslocar para lá, alguns deles como o (representante de comércio dos Estados Unidos, Robert ) Zoellick, o (comissário da União Eupéia para o Comércio, Pascal) Lamy, e eu se não houvesse a expectativa de que possamos chegar a um acordo”, afirmou.

Adiamento

O diretor da OMC, Supachai Panitchpakdi, acredita que se não for possível fechar um acordo até a meia-noite de sexta feira as negociações para derrubar barreiras comerciais e salvar a rodada de Doha podem ser adiadas por muitos anos.

Pelo menos 35 ministros participam dessas negociações. Embaixadores da maioria dos 147 países que são membros da OMC também estão presentes.

Amorim disse que o Brasil tem um grande interesse em levar essa negociação adiante, mas, com uma ressalva.

“Também se aplica à OMC o que eu disse sobre a União Européia: não há acordos a qualquer preço”, afirmou.

A rodada de Doha, lançada em 2001, propunha uma injeção de bilhões de dólares no comércio internacional e ajuda para tirar milhões de pessoas da pobreza, de acordo com o Banco Mundial.

Mas diferenças entre países ricos e pobres – especialmente por causa da agricultura – atrapalharam as negociações, levando ao fracasso da reunião de Cancún no ano passado.

Países em desenvolvimento pediram que as negociações em Genebra levem os países ricos a se comprometer com cortes maiores nos subsídios que, segundo eles, bloqueiam seu acesso aos mercados.

O mais recente rascunho de um acordo inclui medidas para acabar com subsídios a exportações agrícolas, embora seja menos específico sobre a questão de apoio a fazendeiros.

O ministro de Comércio indiano, Kamal Nath, disse que seu país está insatisfeito com as propostas atuais da OMC, que, segundo ele, abriria a Índia a produtos agrícolas altamente subsidiados da Europa, dos Estados Unidos e de outros países ricos.

A Comissão Européia descreveu o rascunho como “base para futuros trabalhos”, mas a França afirmou que as propostas estavam “profundamente desequilibradas, em prejuízo da União Européia”.