Depois da corrida às revendas para comprar um modelo que roda com álcool e gasolina, puros ou misturados, os proprietários de carros flexíveis agora lotam as oficinas para adaptar seus veículos ao uso do gás natural, o GNV. A crescente alta no preço do álcool impulsionou o movimento.
As vantagens econômicas são indiscutíveis. Em comparação com os demais combustíveis, a economia pode ser de 70%. “A economia também acontece nas trocas de óleo do veículo, já que o gás natural oferece um menor desgaste das peças e prolonga sua vida útil”, comenta Ney Franzini, da oficina Motorgás.
Outro fator que pesa na balança é a economia de 25% no IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), desconto que os flexíveis não têm. No Rio, Estado com a maior frota de carros a gás do país, é de 75%.
O comerciante Marcos Renato Pinheiro Silva, 30, adquiriu, no último mês de março, um Polo Sedan 1.6 Total Flex. Na época, conseguia pagar R$ 0,80 pelo litro do álcool. “Neste mês, quando comecei a pagar R$ 1,50 pelo litro, decidi adaptar o carro ao gás.”
Silva roda 160 km por dia e gastava R$ 32. Agora, paga R$ 1,05 pelo metro cúbico de gás, o que representa R$ 11 para percorrer a mesma quilometragem.
“Uma pessoa que rode pelo menos 1.200 km por mês já leva vantagem econômica se escolher o gás”, explica André Lopes de Araújo, diretor de GNV da Comgás, a principal distribuidora do produto no Estado de São Paulo.
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A procura é tanta que as fábricas viram uma forma de ganhar dinheiro com o GNV. O Chevrolet Astra Multipower, vendido desde novembro de 2004, tem mil unidades nas ruas. A Volkswagen fez uma parceria para o cliente retirar o carro da concessionária com o cilindro de gás já instalado. E a Fiat informa que a tecnologia está pronta, à espera de demanda.
A Comgás estima um aumento anual de 12% a 14%, tanto de carros como de postos de abastecimento. Hoje são 270 mil veículos adaptados no Estado e 338 postos de abastecimento. A meta para 2006 é ter outros 55 postos.
Adaptar o automóvel custa de R$ 2.500 a R$ 3.000, e é preciso procurar oficinas credenciadas pelo Inmetro (instituto de normalização). Apesar de a potência cair até 8%, o GNV é um combustível que não pode ser adulterado.