Sem o BC no mercado futuro, busca por juros altos prevaleceu. Um dia após a realização do primeiro leilão de swap de câmbio promovido pelo Banco Central, o dólar retornou à sua trajetória de desvalorização frente ao real.
Depois de apresentar discreta alta na quarta, quando o BC vendeu ao mercado 8 mil contratos de swap cambial equivalentes a R$ 387,8 milhões, ontem o dólar despencou.
A moeda apresentou um recuo de 0,5%, negociado a R$ 2,603. Sem a presença do BC no mercado futuro, voltou a prevalecer a forte entrada de recursos no Brasil em busca dos juros considerados atrativos.
No mercado à vista, o BC realizou mais um leilão, quando a moeda estava em queda de 0,46%. Mesmo comprando dólar a R$ 2,605, a operação não conseguiu segurar a moeda.
“O BC não vai conseguir desmontar todas as posições no mercado futuro enquanto os juros foram altos e favorecerem as arbitragens”, comenta Hideaki Iha, analista da corretora Souza Barros. “A estratégia elaborada pelo BC, de leilões semanais no mercado futuro, não será suficiente para reverter a tendência de desvalorização do dólar.”
Como a taxa Selic, ao que tudo indica, deve sofrer novas altas e dificilmente cairá no primeiro semestre do ano, a única possibilidade de valorização do dólar aqui é acompanhar uma possível apreciação nos mercados internacionais.
“O pronunciamento do presidente americano Bush, de que pretende adotar medidas para reduzir o déficit fiscal, e a possibilidade de novas altas nos juros americanos podem ajudar a atrair investidores para ativos em dólar”, avalia João Medeiros, da corretora Pionner.
Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), a maioria das projeções para as taxas de juros encerrou o dia em queda, principalmente os mais longos. Dois fatores ajudaram no recuo das curvas de juros.
Além de ainda repercutir dados da divulgados na terça, mostrando queda na atividade industrial, o movimento na curva de juros também refletiu os números da inflação na cidade de São Paulo. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o IPC em janeiro ficou em 0,56%, abaixo da expectativa do mercado e também inferior aos 0,67% registrados em dezembro do ano passado.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2006, o mais negociado com um giro financeiro de R$ 14,5 bilhões, indicou taxa de 18,82% para a virada do ano, contra 18,94% do ajuste anterior.
O DI com vencimento em março próximo, que sinaliza a projeção da Selic a ser definida neste mês, indicou taxa de 18,51%, a mesma do último ajuste.
Julho deste ano indicou juro de 19,09%, ante 19,16%. “A queda nas projeções dos contratos mais longos mostra que o mercado acredita em, no máximo, duas altas na Selic e depois um período de estabilidade das taxas”, analisa Marcelo Gouvêa, da corretora Liquidez.
No mercado de títulos públicos, o C-bond, principal papel da dívida externa do País, fechou com valorização de 0,12%, negociado a 102,375% de seu valor de face.