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Distribuidoras suspendem entrega e pode faltar álcool no carnaval

Pelo menos duas grandes distribuidoras começaram ontem a suspender as entregas de álcool aos postos e pode faltar o combustível no carnaval. A suspensão ocorreu um dia depois que as empresas repassaram um aumento de até R$ 0,10 no preço do litro, sob a alegação de que o álcool continua subindo nas usinas.

Postos de Sorocaba, interior de São Paulo, que fizeram pedidos de álcool hidratado para a distribuidora BR, da Petrobrás, com bases em Paulínia, Barueri e Capital, não tiveram garantia de entrega. Já a distribuidora da Esso em Paulínia informou que os pedidos estarão sujeitos a análise até a normalização dos estoques.

Ontem o consultor e usineiro Maurílio Biagi Filho, de Ribeirão Preto, disse que não falta álcool nas usinas. Temos mais de 2 bilhões de litros em estoque, suficientes para abastecer o mercado até o início da safra. Segundo ele, se as distribuidoras estão se negando a atender pedidos dos postos para entregar álcool, é porque não estão satisfeitas com os preços.

Para a presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro), Ivanilde Vieira, a retenção do produto pode ser represália à decisão do governo de reduzir a mistura do álcool anidro na gasolina. A portaria que reduz a mistura de 25% para 20% foi publicada ontem no Diário Oficial da União.

Ivanilde, aliás, foi uma das primeiras a detectar o problema. Dona de posto em Sorocaba, ela pediu um tanque de álcool hidratado à BR de Paulínia.

Informada de que as vendas estavam suspensas por falta do produto, recorreu à BR em Barueri e São Paulo e a resposta foi a mesma. Meu álcool acaba sábado e vou ter de dizer ao consumidor que o produto está em falta. Em seguida, Ivanilde começou a receber telefonemas de outros donos de postos. Um deles, Stênio Garcia de Campos, recebeu álcool ontem, já com o aumento de R$ 0,10 por litro, mas decidiu fazer nova encomenda para sábado: O álcool que tenho não dá para o carnaval.

Além da Esso, até o fim da tarde, Ivanilde não havia conseguido resposta de outras distribuidoras. Segundo ela, nos próximos dias o preço da gasolina deverá aumentar cerca de 3% na bomba por causa da redução do álcool anidro no produto.

No Rio, o vice-presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, disse ontem que as empresas filiadas à entidade, responsáveis por cerca de 60% do mercado brasileiro do combustível, estão com estoques de álcool hidratado suficientes para atender às redes de postos.

Procuradas pelo Estado, BR, Shell e Esso também garantiram ter condições de atender os clientes, apesar das reclamações de revendedores do interior de São Paulo. Temos o produto e até agora não fui informado de nenhum racionamento nas vendas, disse o vice-presidente de Suprimento da Esso, Leonardo Gadotti Filho.

BR e Shell também informaram que não há problemas nem de estocagem nem de racionamento do produto. COLABORARAM: IRANY TEREZA, NICOLA PAMPLONA