Mercado

Disparada do dólar assusta empresários

Empresários do setor industrial paulista dizem que o dólar na faixa de R$ 3,19 provoca a estagnação do mercado de trabalho e impede os investimentos produtivos no País. “Estou muito apreensivo. A contratação hoje já é zero por causa desse dólar. Mais dia menos dia, o pessoal começa a mandar embora mesmo”, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) e executivo da CCE, Synésio Batista da Costa. De acordo com ele, os investimentos na produção só voltarão quando o dólar cair e permitir também uma queda nos juros. “Até lá, o máximo de investimento que vai ocorrer é na pintura de maquinário”, afirmou. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Paulo Skaf, os exportadores não deveriam se basear no dólar atual. “Quem fizer isso, cometerá um erro. O dólar tem que ser considerado em um nível de R$ 2,60 a R$ 2,70”, disse. De acordo com ele, não há como planejar exportações com a moeda norte-americana volátil. “O exportador tem de pensar em 60, 90, 180 dias”, afirmou. Segundo Skaf, a instabilidade do dólar provoca apenas insegurança dos investidores e pressão na inflação, uma vez que os custos de produção de diversos setores sobem muito. Para o setor de papel e celulose, esses custos já subiram 20% no primeiro semestre, principalmente por causa dos produtos químicos. “Esse aumento dificilmente será repassado ao consumidor e assim apertará ainda mais a margem de lucro das empresas. E elas já estão bastante endividadas em dólar por conta dos pesados investimentos que fizeram neste ano”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Papel e Celulose (Bracelpa), Osmar Elias Zogbi. Ele disse, no entanto, que a alta da moeda norte-americana pode ajudar a melhorar as exportações das empresas que estão com uma baixa utilização da capacidade instalada. “É o caso, por exemplo, das fabricantes de papel cartão, que estão fazendo uma ofensiva e vão aumentar de 10% para 20% do total exportado da produção.” Hoje, essas empresas exportam 6 mil toneladas por mês das 60 mil toneladas produzidas. “A partir de agosto, estaremos em plena capacidade de produção”, afirmou Zogbi. De acordo com ele, as exportações, a US$ 500 a tonelada, vão para os Estados Unidos, União Européia, Oriente Médio, Ásia e outros países da América do Sul. “Esse aumento de exportações renderá US$ 6 milhões a mais por mês para o setor”, afirmou. (O Estado de SP)