Mercado

Dinheiro da Ásia reforça ofertas iniciais de ações

Vanessa Adachi, Raquel Balarin, Graziella Valenti e Alex Ribeiro

O jogo das empresas brasileiras com ações em bolsa ganha cada vez mais contornos globais. A combinação da alta liquidez mundial com a profusão de ofertas públicas de ações no país tem ampliado a internacionalização da base de acionistas das empresas, ao mesmo tempo em que cria condições para financiar o avanço de suas atividades rumo ao exterior. É uma via de mão dupla.

Países da Ásia e do Oriente Médio são os mais novos pontos de parada das empresas brasileiras em busca de investidores para as suas ofertas de ações. Fundos da Europa e Estados Unidos já respondem por 70% do volume comprado nas operações. Foram R$ 50 bilhões investidos de 2004 para cá. Mas em algumas ofertas realizadas neste ano os asiáticos já chegaram a levar até 20% do volume, diz Marcelo Kayath, do Credit Suisse. O banco tem apresentado os IPOs de seus clientes na China, Hong Kong, Cingapura e Japão. Dubai entrará no programa. O Itaú começa neste mês a fazer as primeiras apresentações de IPOs pela Ásia. “Há uma grande liquidez na região e eles são exportadores de capital”, diz Roberto Nishikawa, da Itaú Corretora.

E se os recursos captados na bolsa já vinham fomentando o crescimento das empresas, em operações mais recentes ficou claro que o mercado de ações passou a ser um instrumento importante para que empresas brasileiras sem o porte de uma Vale do Rio Doce ou Gerdau também possam atuar como consolidadoras internacionais em seus setores. A JBS-Friboi, apenas dois meses depois de captar R$ 1,2 bilhão, comprou a americana Swift, tornou-se a maior produtora mundial de carne bovina e também o paradigma desse novo movimento. Há cerca de duas semanas, a Cosan, maior empresa nacional de açúcar e álcool, anunciou ambicioso – e polêmico – projeto de listar ações na bolsa de Nova York, levantar recursos para comprar ativos fora do país e tornar-se uma líder mundial no etanol.

A onda de investimentos de companhias brasileiras no exterior está dando os primeiros resultados na ampliação das receitas do país sob a forma de lucros e dividendos. Os ingressos somaram R$ 1,422 bilhão nos 12 meses encerrados em maio. Os volumes são crescentes. Em 2005, haviam somado US$ 949 milhões e, em 2005, apenas US$ 641 milhões.