A presidente Dilma Rousseff decidiu dar um “refresco” para a Petrobras na disputa pelo reajuste dos preços dos combustíveis, mas também não vai dar tudo que a estatal gostaria de ter.
A estatal terá mais liberdade para definir os reajustes, mas eles não poderão comprometer o combate à inflação. Principalmente no próximo ano, quando Dilma tentará a reeleição.
Segundo um assessor presidencial, Dilma avalia que a Petrobras deu sua contribuição nos últimos anos, aceitando um aumento menor da gasolina e do diesel, mas agora concorda que ela precisa de mais “previsibilidade”.
Daí sua decisão de autorizar a criação de mecanismo que defina reajustes automáticos dos dois combustíveis, que vem sendo estudado há quatro meses.
Falta a definição do modelo, que gerou atritos entre o ministro Guido Mantega (Fazenda) e a presidente da Petrobras, Graça Foster.
A estatal queria que ele fosse aprovado na última reunião do conselho de administração, no dia 25 de outubro. Mantega, porém, discordou por não estar totalmente convencido de que a fórmula apresentada era a melhor.
Ele solicitou novas simulações, que serão apresentadas na reunião do conselho agendada para 22 de novembro. Durante a semana, o ministro chegou a dizer que o tema não poderia ser definido de “afogadilho” e avisou que não havia data definida para um novo reajuste.
Em estudo
Entre as fórmulas em estudo, há reajustes duas ou três vezes ao ano.
Reportagem publicada no jornal “O Estado de S. Paulo” neste sábado afirma que Dilma “avalizou a concessão de um gatilho para reajustar os preços dos derivados de petróleo duas ou três vezes por ano”, mas as informações foram negadas pelo Planalto.
“A assessoria da Presidência da República afirma que são infundadas as informações publicadas na imprensa de que a presidenta Dilma Rousseff tenha emitido opinião a respeito de mecanismos de reajustes de preços de combustíveis. De fato, nenhum documento sobre esse tema sequer chegou à Presidência da República. É, portanto, especulação todas as reportagens que apontam sobre definição de assunto não discutido”, informou em nota.
Metodologia
Em fato relevante, a estatal já havia informado que a “metodologia contempla reajuste automático do preço do diesel e da gasolina em periodicidade a ser definida antes de sua implantação, baseado em variáveis como o preço de referência desses derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido, se refinado no Brasil ou importado”.
O documento destacou ainda que “também está previsto mecanismo que impede o repasse da volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico”, uma ressalva incluída para atender exatamente ao desejo do governo de evitar pressões exageradas sobre os índices de preços no país.
Graça Foster, por sinal, fez questão de dizer à presidente Dilma que a Petrobras, ao formular a nova metodologia, não iria prejudicar o combate à inflação.
A expectativa é que o governo conceda ainda neste ano um reajuste nos preços da gasolina e do diesel, dentro ou não da nova metodologia. No caso da gasolina, o aumento pode ficar na casa de 6%, o que seria compatível com a meta do Banco Central de fechar o ano com uma inflação abaixo dos 5,84% registrados no ano passado.