Mercado

Destilaria fecha e não paga salários

A destilaria de álcool Santo Expedito, em Guararapes, fechou as portas no último dia 28 e não pagou os direitos trabalhistas de seus 62 funcionários, que além dos salários, ficaram sem receber

os benefícios previstos em lei, como o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), férias e 13º salário. A informação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Química, Farmacêutica e da fabricação do álcool de Araçatuba e Região, José Roberto da Cunha.

Os trabalhadores estão com salários atrasados há dois meses. A empresa tinha ainda safristas, funcionários contratados para trabalhar durante a safra, que também estão sem receber. A safra na destilaria teve início no dia 19 de junho e estava prevista para ir até dezembro, mas foi interrompida no final do mês passado.

“A informação que recebemos é que a safra foi encerrada porque a destilaria não conseguiu cana para moer”, afirmou o sindicalista. “O que disseram para a gente é que os fornecedores de cana do ano passado não foram pagos e não quiseram mais vender cana para a destilaria”, completou.

De acordo com Cunha, a destilaria de álcool, que antigamente era um alambique, ficou desativada algum tempo e foi arrendada no ano passado pelo dono da fazenda São José, onde se localiza, para a produção de álcool.

Cunha diz que nenhum encargo trabalhista foi honrado pela empresa. Não foram pagos os salários, FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), e as contribuições da Previdência Social e sindicais. Ele estima que a dívida da empresa apenas com os direitos trabalhistas seja de R$ 600 mil, aproximadamente.

O presidente do sindicato se encontrou, na última segunda-feira, com o advogado da destilaria, Amauri Teixeira, em São Paulo, para negociar a homologação dos direitos trabalhistas. “O advogado disse que no momento a empresa não tem dinheiro para pagar e nem fez previsão de data de pagamento”, lamentou.

Segundo ele, o grande entrave é que o dono da destilaria não aparece para tomar se manifestar sobre o problema. “Já tem gente com aluguel e energia atrasados e famílias em situação delicada, mas está faltando boa vontade para resolver o problema”, afirmou.

O advogado da destilaria foi procurado pela reportagem por telefone, mas não retornou às ligações. Segundo Cunha, ninguém sabe quem é o proprietário da destilaria. “As pessoas dizem que é o senhor André, só isso”, afirmou.

O sindicalista conta que no ano passado a destilaria quase foi interditada pelo Ministério do Trabalho, pois não dava condições seguras de trabalho aos funcionários. “Faltavam equipamentos, registro dos funcionários em carteira e ainda havia atraso no pagamento dos salários”, afirmou. Além disso, afirma Cunha, a empresa está irregular no recolhimento do FGTS e INSS, desde o ano passado.

JUSTIÇA – Cunha disse que o sindicato já está entrando com ações na Justiça do Trabalho para garantir os direitos dos trabalhadores. Ontem à tarde foi realizada uma reunião com os ex-funcionários da destilaria para decidir quais rumos seriam tomados e para que eles soubessem sobre as negociações entre Cunha e Teixeira, advogado da destilaria.

Segundo o sindicalista, o objetivo é fazer com que todos os trabalhadores entrem na justiça contra a empresa, com ações individuais, para garantir seus direitos.

Além disso, o sindicato está acionando a Procuradoria Federal do Trabalho, em Campinas, para bloquear os bens da empresa. “O problema é que temos poucas informações sobre o que tem no local. Nenhum carro estava no nome da destilaria, para ter uma idéia”, diz.

Ele informa que o sindicato está fazendo um levantamento em cartórios para tentar descobrir o que está no nome da empresa.

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