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Descontraídos, Lula e Bush apóiam Rodada Doha

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush se reuniram ontem pela manhã no Japão sob um clima de descontração para expressar apoio ao avanço da Rodada Doha. Em fim de mandato, o presidente Bush mostrou-se à vontade com Lula e recebeu-o com um beijo no rosto. Depois, repetiu o afago com o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.

Bush sinalizou a Lula que está muito decidido a alcançar um acordo agrícola e industrial na Rodada Doha em duas semanas. Por sua vez, Lula deixou claro seu engajamento na negociação global, mas alertou que não vai vender o Mercosul , ou seja, qualquer acordo precisa levar em conta flexibilidades para o bloco e não tentar dividir seus quatro sócios.

Lula assinou também uma nota com o premiê britânico, Gordon Brown, na qual exortam os países a agirem com firmeza imediatamente para fechar um acordo que está mais perto do que nunca .

Bush recebeu Lula num rápido encontro marcado pela descontração, na ilha de Hokkaido. Este pode não ter sido a última reunião entre os dois. A Casa Branca sondou Brasília para eventual participação de Bush na grande conferência sobre o etanol que o Brasil vai organizar em novembro. Na conversa, o presidente americano perguntou sobre dificuldades na rodada. Mas quando a representante comercial dos EUA, Susan Schwab, e Amorim passaram a detalhar pontos da negociação, Bush cortou dizendo que não queria entrar em tecnicalidades. Vocês resolvem isso , teria dito aos dois.

Ao comentar o encontro, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso disse: Penso que as mensagens emitidas pelos presidentes Bush e Lula foram muito mais claras do que as de antes sobre a urgência de um acordo e sobre a ânsia por um acordo . Para Brown, o que é novo é que o Brasil deixou claro hoje (ontem) que quer um acordo . A França também teria mostrado maior disposição. Analistas crêem que a última chance para a assinatura de Doha antes de Bush deixar o cargo em janeiro será a reunião em Genebra no dia 21 entre EUA, União Européia, Índia, Brasil e outros.

No encontro, Lula falou ainda da alimentos e disse que o Brasil ajuda Cuba e Venezuela a aumentarem a produção de soja. Bush teria reagido com um muito bem . O clima estava tão leve que além dos beijos em Lula e em Amorim, Bush se dirigiu pelo nome ao assessor especial Marco Aurélio Garcia e ao tradutor Sérgio Ferreira.