Mercado

Deficiência hídrica reduz expectativas de crescimento no Centro/Sul

A má distribuição das chuvas nos primeiros meses deste ano está reduzindo a produtividade da cana-de-açúcar em São Paulo, estado que responde por mais de 60% da produção brasileira. O tempo seco desde março é apontado como a razão para a redução da produtividade agrícola, que está comprometendo o crescimento da moagem na região

Centro/Sul, estimado preliminarmente em 13 por cento pela União da

Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Observando o mapa elaborado pelo

Ciiagro – Fundag, que consolida os níveis de precipitação de fevereiro a abril, percebe-se que as regiões produtoras mais afetadas são Araçatuba, Ribeirão Preto e Catanduva. “A safra 2007/08 será maior que a anterior mas não vai apresentar o crescimento que a gente

estimou em março deste ano, quando as condições climáticas ainda estavam bastante favoráveis”, disse Luciano Sanches Fernandes, presidente da Biocana e da Usina Cerradinho. Em suas duas unidades produtoras, Catanduva e Potirendaba, a produção está 7 por cento inferior. “Colhemos 13% da área mas obtivemos apenas 12% da cana

prevista”.

Já a Usina Ruette, que já processou 20 por cento da safra, observou uma produtividade 10 por cento abaixo da prevista. “Acho difícil recuperar essa diferença. A previsão é que este ano seja seco, então o déficit tende a se acentuar”, afirmou Fernandes.

Preço baixo do hidratado vai estimular consumo e exportações

Com o avanço da colheita no Centro/ Sul, os preços do álcool hidratado da nova safra caíram para o patamar de R$ 0,75/lt PVU (posto veículo usina), valor considerado pelo mercado como piso,

pois torna-se muito próximo aos custos de produção. Em entrevista coletiva em 18 de maio, Luciano Sanches Fernandes, presidente da Biocana, afirmou que o preço não deve cair mais, pois neste preço já compensa exportar álcool para os Estado Unidos. “Devemos também

considerar que o consumidor sempre reage a preços baixos de combustíveis com um aumento imediato no consumo.

Mantendo-se um patamar de preços convidativos, podemos esperar um consumo excedente de hidratado maior do que os 2 bilhões de litros inicialmente estimados pelo mercado”, afirma ele.

CONTRARIANDO NOVA YORK, AUMENTA O PRÊMIO DO REFINADO

Desde o dia 26 de abril e pelo menos até o dia 18 de maio (fechamento

desta edição), a Bolsa de Londres (que trabalha com o refinado) começou a puxar os prêmios do branco para cima. No mesmo período, entretanto, a Bolsa de Nova York (VHP/demerara)manteve a mesma curva descendente, não despertando para a tendência de recuperação.

De acordo com Fernando Weingrill, sócio da Simcor Corretora, é possível que o mercado esteja enxergando um novo patamar de preços para o refinado, levando em consideração a redução nas exportações européias, com preços subsidiados. “As distorções e arbitragens

características do mercado parecem estar se repetindo, levando os

preços ao equilíbrio dos fundamentos de mercado”, afirma Weingrill, o qual acredita que o mercado tem condições de subir e que está mostrando oportunidades, quer seja para fundos ou tradings. “Penso que os end users já deveriam começar a comprar”.

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