Depois de perceberem a dificuldade de atuar isoladamente em um mercado ainda incipiente no Brasil, a Dedini Indústria de Base, a americana DuPont e a empresa argentina Porta decidiram fazer uma parceria para se tornar a referência no fornecimento de tecnologia e equipamentos para fabricação de etanol de milho no Brasil. Esse é um mercado ainda pequeno, e, em muitos casos, caracteriza-se por iniciativas isoladas
de empresários do Centro-Oeste brasileiro que fazem adaptações industriais para processar o milho na mesma usina onde já é moída a cana-de-açúcar.
Inicialmente, a clientela potencial da parceria passa pelas 54 usinas canavieiras instaladas no CentroOeste do país, onde o milho tem preços competitivos para fabricar etanol. Mas no portfólio estão ainda as fábricas de etanol com uso exclusivo de milho, também viáveis economicamente nesse “cinturão” do grão, que engloba Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, diz o vice-presidente de Tecnologia e Desenvolvimento da Dedini, José Luiz Olivério.
Na parceria, a argentina Porta entra com a tecnologia para fabricar etanol de milho e a experiência na operação dessas plantas. “Temos duas usinas na Argentina. Sabemos como fazer essa operação”, explicou o presidente da companhia, José Porta. A Dedini, uma das mais tradicionais fabricantes de equipamentos para usinas de cana, entrou no acordo para aplicar esse know-how e executar a planta de etanol de milho com
base no projeto desenhado pela Porta. Na frente operacional, a DuPont, uma das maiores companhias de sementes e defensivos agrícolas
com faturamento global de US$ 3,5 bilhões, fornecerá os insumos para o processo, tais como enzimas e biocidas (substâncias para controle da fermentação). Num ambiente de negócios em que investimentos são feitos a taxas de juros elevadas, como é o caso brasileiro, a preocupação foi oferecer projetos que demandassem o mínimo de capital, sem abrir mão de entregar desempenho, disse o vice-presidente industrial de Biosciences da DuPont na América Latina, John Júlio Jansen.
Construir uma usina de etanol de cana chega a demandar três vezes mais investimento do que uma de milho com a mesma capacidade. Com uma tonelada do grão, são produzidos de 350 a 410 litros de etanol. A partir do mesmo volume de cana, é possível produzir 80 litros do biocombustível. O que a Porta e a Dedini prometem é a entrega de uma fábrica de etanol de milho mais “barata” que as equivalentes americanas. Olivério observa que uma usina com capacidade para produzir 250 mil litros de etanol de milho por dia, que é o formato padrão adotado para o
mercado brasileiro, pode custar entre R$ 80 milhões e R$ 140 milhões no Brasil. “O capital empregado numa planta equivalente nos Estados Unidos é 30% a 40% superior”. O vice-presidente da Dedini diz que não há ainda contratos fechados. Mas afirma que algumas conversas
estão em andamento e devem se converter em negócios ainda no primeiro semestre de 2015. “O ano de 2014 foi um ano difícil, de eleições e Copa do Mundo. Todos estavam inseguros de tomar decisões”, justifica Olivério.
(Fonte: Valor Econômico)