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Dedini investirá em destilaria para produzir álcool a partir do bagaço

A Dedini Indústria de Base, de Piracicaba (SP), e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) anunciam hoje, em Piracicaba (SP), que vão investir juntas cerca de R$ 100 milhões para desenvolver tecnologias para a produção de álcool a partir da celulose e para o uso da palha da cana-de-açúcar na co-geração de energia.

Uma destilaria para a produção industrial de álcool a partir da celulose deverá ser implantada pela Dedini para que a companhia dê continuidade ao seu projeto de DHR (Dedini Hidrólise Rápida), tecnologia que permite a produção de álcool por meio do bagaço da cana. Esse processo, desenvolvido pela Dedini, utiliza uma tecnologia chamada rota hidrólise ácida, que permite o reaproveitamento do bagaço para a produção de álcool, afirmou ao Valor Sérgio Leme, vice-presidente da companhia.

Segundo o executivo, a Dedini já tem uma planta-piloto em operação na usina São Luiz, que pertence ao grupo Dedini Agro, em Pirassununga (SP). “Essa planta deverá ser implantada em um ano”. Essa tecnologia começou a ser pesquisada pela empresa em 2003 e permite dobrar a produção do álcool com a mesma área plantada, com a utilização do bagaço adicionado à cana.

No início deste ano, a Petrobras anunciou um projeto similar. A estatal também vai investir em uma planta para a produção de álcool celulósico. A rota tecnológica desenvolvida pela companhia consiste na quebra das moléculas de celulose e de hemiceluloses em açúcares para a produção do álcool.

Leme explicou que a parceria com a Fapesp abordará também desenvolvimento de tecnologia para melhorar o processo de produção de álcool, aumentando a produtividade dos equipamentos, e também acelerar o processo de fermentação para a produção do álcool. “Esse convênio prevê pesquisas para os próximos cinco anos”, disse.

Nessa parceria público-privada, a Fapesp deverá entrar com 50% dos recursos e a Dedini com a outra metade, segundo Leme. O acordo de cooperação será assinado durante a Simtec (Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucroalcooleira), que está em sua quinta edição.

No caso da palha, as duas parceiras querem desenvolver equipamentos para o aproveitamento total da palha da cana, que hoje pouco é utilizada no processo produtivo da cadeia sucroalcooleira. “Boa parte da palha é desperdiçada. Queremos reaproveitar essa palha na co-geração de energia”, disse o executivo.

Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) indicam que a utilização da palha pode aumentar em um terço o volume da matéria-prima para a queima nas caldeiras das usinas, aumentando a geração de energia.

Com o fim da queima da cana no Estado de São Paulo, a palha poderá ser 100% aproveitada. No Estado de São Paulo, as usinas assinaram um protocolo se comprometendo a antecipar o fim da queima de 2021 para 2014 nas áreas mecanizáveis e de 2031 para 2017 nas áreas não-mecanizáveis. Cerca de 30% dos canaviais do Estado são mecanizados.