Nova tecnologia permite obter produto refinado a partir do caldo de cana com redução de custo. Um novo processo, que permite obter açúcar refinado a partir do caldo de cana, poderá alterar profundamente a estrutura da produção das usinas, ajudar a queimar etapas e a reduzir custos. Essa é a promessa do projeto que vem sendo desenvolvido pela Dedini S/A, Indústrias de Base, apresentado sexta-feira pelo vice-presidente de Operações da empresa, José Luiz Olivério, durante a sessão de encerramento do Simtec – Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucroalcooleira, em Piracicaba (SP).
Olivério explicou que o método convencional exige dois processos diferentes e depende também de duas fábricas distintas. As usinas de açúcar processam o caldo de cana para obter o açúcar cristal ou o açúcar VHP (Very High Pol), ou seja, o açúcar bruto, não elaborado. Para chegar ao açúcar refinado, mais adequado para o consumo, o produto terá de ser reprocessado numa refinaria.
Olivério explica que o refino, pelo método convencional, implica em um novo processo industrial, no qual o açúcar cristal ou o VHP é dissolvido em água para então ser branqueado para chegar à forma final. Com o novo processo de produção, o DRD (Dedini Refinado Direto), o usineiro terá a opção de produzir qualquer uma das formas do produto, de acordo com a conveniência estabelecida pelo mercado.
O vice-presidente da Dedini acredita que o novo produto, que será lançado no primeiro trimestre de 2006, deverá representar uma solução atrativa, especialmente para as dezenas de novas usinas que estão sendo construídas na região Centro-Sul do País. Os equipamentos do novo processo levam a uma economia de R$ 4 milhões em relação ao processamento tradicional.
Olivério explicou que os recursos aplicados em equipamentos para a instalação de uma usina média no modelo antigo, com capacidade diária de 10 mil sacos de açúcar por dia, são de em torno de R$ 15 milhões. Os custos desses equipamentos para a instalação de uma refinaria, por sua vez, são de R$ 8 milhões, sem levar em conta despesas com obras civis.
Pelo novo processo de produção, o investimento em uma usina nova para a produção de açúcar é de R$ 19 milhões, o que, segundo Olivério, representa uma economia de R$ 4 milhões, em relação à construção de uma usina, com uma refinaria convencional anexa, cujo custo de instalação chegaria a R$ 23 milhões.
A Dedini investiu R$ 1,5 milhão no desenvolvimento do produto. A empresa aposta no bom desempenho desse equipamento, que encontra-se em fase de testes. Aposta também no sucesso comercial. Olivério acredita que, além das novas unidades brasileiras, empresas de países concorrentes, como Austrá-lia e Tailândia, deverão se interessar pela inovação.
São países tradicionais exportadores de açúcar bruto porque, com a política de subsídios europeus para o refinado, não conseguiam disputar esse mercado. Com o fim do benefício, um mercado estimado em 4,5 milhões de toneladas de açúcar refinado voltará a ser disputado em condições de igualdade. Por esse motivo, afirmou Olivério, produzir açúcar refinado a baixo custo vai se tornar interessante.