A seca está de volta aos canaviais de Pernambuco. Ainda não há uma previsão mais ajustada de quanto é que ela vai retirar de cana-de-açúcar das moendas de nossas usinas, mas já se sabe que na Mata Norte o estrago é grande. As primeiras estimativas dão conta que podemos ter uma redução de até 50% na colheita, com maior percentual de perda nas pequenas propriedades administradas pelos fornecedores.
A falta de chuvas deste ano é semelhante a de 2000 e deve acelerar a tendência de concentração da gestão da terra nas mãos das usinas. Pela necessidade de investimentos em barragens para irrigação de salvação, manejo que passou a fazer parte da rotina de produção em Pernambuco devido à fragilidade do suprimento dágua. Virou uma marca da Mata Norte. E como os fornecedores não estão conseguindo bancar esses novos custos, as usinas estão retomando as terras para elas próprias cuidarem da produção no campo.
A crise na Mata Norte será o tema de uma reunião, amanhã, na Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, que já estima a saída do negócio, naquela região, de um terço dos antigos plantadores. Além da pressão por uma recomposição de margens na produção de cana-de-açúcar, os fornecedores sobreviventes querem ajuda do governo do Estado para a reativação do Prorenor, que recuperou mais de 20 mil hectares na Zona da Mata e apoio na briga pelo recebimento dos subsídios estimados em R$ 100 milhões.
Safra só vai durar até dezembro
Gregório Maranhão, secretário-geral da União dos Produtores de Cana-de-açúcar do Nordeste, estima que a safra na Mata Norte será encurtada em pelo menos 30 dias. No máximo, as pequenas e médias propriedades vão até dezembro devido ao déficit hídrico daquela região, onde em alguns municípios a média chegará a 900 milímetros, quando historicamente é de 1.500 milímetros.