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Daniel Messac Etanol e o leque de oportunidades para Goiás

O setor sucroenergético brasileiro tem experimentado um extraordinário nível de crescimento, planejamento, sustentabilidade, produtividade, desenvolvimento tecnológico e científico, superando visões distorcidas, que tentam infundadamente associá-lo ao subdesenvolvimento.

Do 1º carro a álcool em nosso país, o velho Fiat 147, lançado em julho de 1979, que teve aproximadamente 120.500 mil unidades, até os dias atuais, toda a cadeia sucroenergética brasileira evoluiu espantosamente. O sucesso do etanol é tão evidente que os motores bicombustíveis já representam 88% das vendas de automóveis e comerciais leves no País.

Graças a esse patamar de confiabilidade alcançado pelo setor, o etanol brasileiro produzido da cana-de-açúcar está hoje no centro das atenções globais em matéria de biocombustíveis. O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas ! do planeta, constituindo-se num grande removedor de carbono da atmosfera.

A ciência comprova e a Agência Internacional de Energia reconhece que o nosso etanol da cana reduz as emissões de dióxido de carbono, causadores do efeito estufa, em até 90% ante a gasolina. O nosso país se firma como referência na solução da questão climática, graças a sua liderança na produção e uso do etanol e do biodiesel.

É impressionante verificarmos que o Brasil conquistou todo este notável reconhecimento mundial, cultivando a cana – planta que produz energia (etanol e bioletrecidade) e também alimento (açúcar) – em apenas 2,4% das nossas terras aráveis. Desde maio de 2008, a propósito, o etanol é mais vendido no Brasil que a própria gasolina.

O etanol no Brasil atingiu um nível de substituição superior a 50% da necessidade nacional de gasolina. Por incrível que pareça, ela virou combustível alternativo no mercado brasileiro. Imagine, portanto, a fabulosa potencialidade na prod! ução de açúcar e etanol deste país, que é o grande celeiro do mundo. O Brasil é hoje um campo de provas da indústria automobilística mundial e um líder inconteste em produção do biocombustível obtido a partir da cana-de-açúcar. Estamos à frente do mundo com uma vantagem muito grande, forte e sólida.

A propositura do Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional deve ser analisada dentro deste contexto. A matéria é positiva e oportuna, vindo de encontro a um pedido das próprias entidades organizadas do setor, que sempre foram favoráveis ao zoneamento. Competirá agora aos deputados federais e senadores, como é papel inerente ao Parlamento, promover o necessário aperfeiçoamento da mensagem remetida pelo Executivo.

Os debates sobre essa matéria no Congresso devem servir para que o Brasil alcance o amadurecimento necessário quanto ao seu papel neste contexto mundial de combate às mudanças climáticas. Esta é uma luta planetária que! abre ao nosso país oportunidades gigantescas. O horizonte nos apresenta um cenário repleto de fatores convergentes favoráveis a um projeto nacional desenvolvimentista à base dessa matriz energética limpa.

Neste cenário desponta o Estado de Goiás, que, cada vez mais, se firma como uma nova fronteira do setor sucroenergético. Os índices do setor no Estado, liderado pelo Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool de Goiás (Sifaeg), são muito superiores aos do País. O desempenho goiano supera os índices nacionais, tanto em crescimento do volume de produção quanto em produtividade.

Goiás saltou de 29,64 milhões de toneladas na safra passada para 45,89 milhões de toneladas em 2009. No mesmo período, a produtividade da cultura em Goiás aumentou 13,40%, passando de 73,78 toneladas por hectare para 83,67 toneladas por hectare, segundo a Conab.

A indústria sucroalcooleira em Goiás vem crescendo em ritmo muito superior ao do resto do País. Nos últimos anos, cerca de 20 unidades iniciaram a produção no Estado. Não obstante, temos plenas condições de aumentar ainda mais a nossa produção porque em São Paulo, líder no ranking nacional, o setor já produz muita cana e tem menos área para crescer.

Seria importante, a propósito, que todos os postos de combustíveis em Goiás substituíssem a expressão álcool comum nas bombas por etanol, como já ocorre em diversos Estados brasileiros. Essa mudança simbólica do nome, que tem o respaldo da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), elimina confusões e insere o produto brasileiro no contexto global, já que o resto do mundo utiliza a expressão etanol. Esta palavra define adequadamente o tipo de álcool utilizado como combustível, o álcool etílico.

Daniel Messac é secretário extraordinário de Estado e deputado estadual licenciado ([email protected])