A cana-de-açúcar consolida-se como a fonte de energia renovável mais utilizada no Brasil, representando 16% do total da demanda energética do País. O seu crescimento se deve, sobretudo, ao uso inovador do etanol no transporte e à geração de eletricidade a partir da queima do bagaço de cana, essencial para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
A informação, divulgada no recente fórum de Meio Ambiente de Aspen (Aspen Environment Forum) – conhecido mundialmente por ser um fórum de debates entre grandes formadores de opinião -, realizado no Colorado (EUA), é muito positiva para o desenvolvimento sustentável do planeta, uma vez que o etanol de cana-de-açúcar do Brasil reduz em até 90% as emissões de gás carbônico em comparação à gasolina. Esse é um valor não-alcançado por nenhum outro biocombustível disponível comercialmente.
O avanço dessa matriz energética está no rumo certo da conquista do desafio maior, que é substituir combustíveis fósseis por um combustível com baixas emissões de carbono, que seja sustentável e atenue o aquecimento global. Apesar da crise mundial, as usinas produtoras no Brasil estão fortemente apoiadas no mercado interno de etanol, cuja demanda continua se expandindo.
Os negócios estão bem-sustentados economicamente graças ao peso crescente dos veículos flex no mercado brasileiro, que representam quase 90% das vendas de veículos novos no País, o que mantêm a demanda por etanol em alta.
Também se reflete positivamente no mercado de energia renovável e é merecedor do apoio do governo e do empresariado goiano o projeto anunciado pela Uniduto Logística, formada por um grupo de 12 grandes empresas do setor sucroalcooleiro, das quais três operam em Goiás, de que vai construir um alcoolduto que ligará Guarujá, em São Paulo, até Itumbiara, no extremo Sul do nosso Estado.
A Uniduto é uma empresa de logística bastante conceituada, que tem entre os seus representantes o Grupo Cosan, novo controlador da NovAmérica Agroenergia, que ostenta uma posição de alto relevo como maior produtor de açúcar e álcool do mundo, com capacidade de processamento anual de cerca de 56 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o que representa 10% do mercado brasileiro.
Esse projeto, que deverá demandar em sua primeira etapa investimentos da ordem de R$ 1,8 bilhão, com previsão para atender o escoamento da safra sucroalcooleira de 2011/2012, é estratégico para a cadeia do etanol, pois irá garantir o escoamento do produto, que é produzido na região, para os mercados externo e interno. É uma extraordinária solução de logística para o escoamento do etanol de 81 usinas que operam em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Para se ter uma ideia dos seus benefícios socioambientais, basta dizer que a entrada em operação desse alcoolduto permitirá a retirada de circulação mensal de cerca de mil carretas de combustíveis das estradas brasileiras.
Por outro lado, além de atender o consumo de álcool do próprio Estado, do Distrito Federal e do Tocantins, as usinas goianas ainda terão 1 bilhão de litros de álcool para serem escoados para outros centros consumidores.
É fundamental, porém, a compreensão de que o duto da Uniduto Logística não inviabiliza o alcoolduto da Petrobras, que prevê a ligação de Paulínia (SP) a Senador Canedo (GO). Pelo contrário, num país extremamente carente de infraestrutura como o Brasil, todo projeto desse porte é muito bem-vindo.
Por sinal, mais do que nunca, toda a cadeia produtiva do etanol, a classe política e o governo de Goiás devem se unir em defesa do traçado do alcoolduto da Petrobras, que deverá ser instalado entre os municípios de Senador Canedo (GO) e Paulínia (SP), passando por Uberaba, no Triângulo Mineiro, numa extensão de 1.150 km e um custo aproximado de US$ 1 bilhão.
Ainda rondam ameaças de que o trecho até Senador Canedo poderá ser suprimido, o que exige uma posição firme e uníssona de Goiás, que, por sua topografia e condições climáticas favoráveis, desponta como o mais promissor do País na produção dessa energia limpa.
O problema está justamente no gargalo da logística para escoar a nossa produção.
Daniel Messac é secretário extraordinário de Estado e deputado estadual licenciado ([email protected])