Os números de outubro da produção física da indústria brasileira, divulgados ontem pelo IBGE, não apenas confirmam o aumento dos estoques sugerido pelos dados da Confederação Nacional da Indústria, surgidos um dia antes, e já comentados na edição de ontem do Estado, como mostram que não há fundamento para grandes apreensões sobre o ritmo da economia. Ao contrário, são melhores do que os que os analistas privados esperavam, o que atenua os temores de uma recessão.
Todos os indicadores do IBGE se mostraram levemente positivos. Houve crescimento da produção física industrial de 0,1% entre setembro e outubro; de 0,4% entre outubro de 2004 e outubro de 2005; de 3,4% entre os primeiros dez meses de 2004 e 2005; e de 4,1% nos últimos 12 meses, até outubro, sobre os 12 meses anteriores. Fica claro que não se justificava o pânico suscitado pela recente divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, pois, como já havia previsto o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, isso não deverá se repetir neste trimestre.
Aliás, qualificados economistas, como Affonso Pastore e Edmar Bacha, além de consultorias e departamentos econômicos de bancos, opinam que o pior já passou e que novembro será melhor, como já foi indicado pelo crescimento recorde das vendas de veículos no mês.
Bens duráveis de consumo, como geladeiras e freezers, lideraram a produção física de outubro. Isso se explica por que haverá mais renda disponível e maior consumo em dezembro, mês do pagamento do 13º salário. A indústria terá de atender à demanda do comércio.
Entre os últimos 12 meses e os 12 meses anteriores, a produção de bens duráveis cresceu 13,5%.
Mesmo a produção do setor de bens de capital, que apresentou mau resultado, caindo 3,9% no mês, subiu 4% nos últimos 12 meses. Mas, neste caso, os dados refletem as decisões de investimento, influenciadas, recentemente, por expectativas de mudança ou relaxamento da política monetária, que já é expansiva.
Mostraram comportamento mais favorável, em outubro, os ramos de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, de refino de petróleo e produção de álcool e, mais desfavorável, os de material eletrônico e equipamentos de comunicações e têxtil: 13 dos 23 ramos industriais aumentaram a produção.
A sustentação da produção física na indústria, em outubro, antecipa um final de ano razoável, ainda que a evolução do PIB se limite a pouco mais de 2,5%. Para 2006, as projeções convergem para um crescimento em torno de 3,5%, mantidas sob controle a inflação e as contas cambiais e com os juros reais em declínio.