A CanaVialis e a Alellyx, empresas de biotecnlogia da Votorantim Novos Negócios foram autorizadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) a levarem a campo a variedade geneticamente modificada derivada da cana Co740. Com isso, os pesquisadores que integram a equipe de professores da Universidade Federal de São Carlos terão a oportunidade de testar nas lavouras o que já conseguiram provar em laboratório. Ou seja, que a variedade altamente produtiva, trazida da Índia na década de 60, está livre do vírus do mosaico. A autorização foi publicada ontem no Diário Oficial da União.
O presidente da Votorantim, Fernando Reinach, explicou que a cana Co740 foi plantada na região sul de São Paulo e norte do Paraná por cerca de dez anos, e provou ser altamente produtiva nas condições daquela região. Ou seja, em terras férteis e sujeitas às geadas. A situação começou a mudar quando as lavouras começaram a ser atacadas pelo mosaico, que passaram a comprometer fortemente a produtividade dos canaviais.
A CanaVialis e a Alellyx (nome que escrito de forma inversa significa Xyllela, uma doença da cana) modificaram o genoma dessa variedade de cana para que se tornasse resistente à doença e, assim, segundo acreditam os pesquisadores, se tornasse uma planta perfeita para aquelas condições de solo e de ambiente. A variedade geneticamente modificada será testada em áreas próximas às regiões onde décadas atrás ela foi cultivada e se mostrou produtiva e resistente ao frio.
Reinach disse que a novidade desse projeto está na forma como ele está sendo desenvolvido e comercializado. “No passado, os pesquisadores das universidades desenvolviam novas variedades e as entregavam aos produtores agrícolas que não remuneravam o trabalho intelectual. Com isso, não havia recursos para o progresso das pesquisas e os projetos acabavam sendo paralisados”.
A Votorantim Novos Negócios criou essas duas empresas exatamente para permitir que esse trabalho fosse remunerado, gerasse lucro e, assim, criasse recursos para que novos projetos fossem levados adiante. Isso não aconteceu no passado, quando a falta de pagamento de royalties paralisou todas as pesquisas. Os pesquisadores que trabalham nesse programa de desenvolvimento genético estão nessa atividade desde a década 60, mas sem apoio financeiro.
No caso da DO740, empresas, no caso usinas de açúcar e de álcool, já aderiram ao projeto e assinaram contratos garantindo que pagarão royalties quando puderem utilizar essa variedade em suas lavouras. Com isso, a CanaVialis está levando as mudas para serem testadas nas regiões onde estão seus principais clientes. A empresa, que mantém estações experimentais próprias de entre 50 e 100 hectares no sul do Estado e no norte do Paraná, poderá comprovar a seus clientes que a nova variedade deverá resistir às diversidades de clima e ao vírus do mosaico.
Reinach lembra que o programa está em fase de teste e que é preciso ainda provar a eficácia da pesquisa. Ele reconhece que não está afastada a hipótese do projeto ser frustrado. “A possibilidade é bastante remota, mas não pode dar errado”, declarou o executivo. Por isso, as empresas do Grupo Votorantim correm o risco e apostam que podem ter bons lucros com essa empreitada.
O pacote de serviços da CanaVialis é chamado de Gestão Varietal. Hideto Arizono, diretor Comercial do programa da CanaVialis em diversas usinas, diz que as plantas geneticamente modificadas mantêm as mesma características da planta original e são uma boa opção para os produtores que disponham de solos férteis.