Depois de dez anos de pesquisa, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), com sede em Piracicaba (SP), lançou ontem, em Ribeirão Preto, a segunda geração de variedades de cana-de-açúcar. As CTC 6, 7, 8 e 9 prometem um retorno econômico, em reais por hectare, 25% maior do que a variedade padrão, conhecida como RB72454, lançada há mais de duas décadas e que ainda compõe a maioria dos canaviais brasileiros.
Esse lançamento significa para esse setor de atividade que os produtores associados ao CTC conseguirão, com as novas plantas, 25% mais de açúcar a partir da cana geneticamente modificada na mesma área plantada com a variedade convencional.
Potencial produtivo
“Não é por acaso que somos os maiores e os mais competitivos produtores de cana do mundo”, diz Roberto de Rezende Barbosa, presidente do conselho de administração do CTC e do Grupo Nova América, com sede em Tarumã, na região de Assis (SP). Para ele, as novas variedades e outras que se seguirão darão uma grande contribuição para que o País confirme seu potencial em produção de energia alternativa.
Além de porte ereto, alto teor de sacarose, resistência a uma séria de doenças e pragas e facilidade de corte mecânico, as quatro novas variedades têm peculiaridades quanto à época do plantio. “As CTC 6 e 8 são tardias, recomendadas para a colheita do meio ao final da safra. Já as CTC 7 e 9 são precoces, mas adequadas para a colheita no início da safra”, ensina Rene de Assis Sordi, gestor de P&D do CTC.
Segundo Sordi, é impossível colher cana o ano todo numa mesma região do Brasil, sem prejuízos. “Ou perde-se em sacarose, por colher cana antes da hora, ou se tem problemas na operação: é praticamente inviável colher cana no período da chuva. Corre-se o risco de compactar o solo e estragar o canavial”, afirma.
“Vinte, 30 anos atrás, conseguíamos 3 mil litros de álcool de um hectare de cana. Hoje já passamos de dez mil litros e avançaremos ainda mais”, comenta Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). Segundo Tadeu Andrade, diretor do CTC, se a cana for destinada apenas à produção de álcool, seria possível produzir até 15 mil litros de álcool por hectare. “Em açúcar, conseguimos 15% do peso da cana, algo correspondente a 15 toneladas por hectare no primeiro corte”.
Em expansão
O CTC atual, criado em agosto de 2004, é derivado do antigo Centro de Tecnologia da Copersucar. Hoje, segundo Nilson Zaramella Boeta, diretor-geral do CTC, o centro tem 125 associados, número que ele espera que aumente para 150 até o final do ano.
Pelas regras atuais, são os associados do CTC quem têm direito a cultivar as novas variedades de cana. Com orçamento de R$ 42 milhões para este ano, o CTC destina entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões por ano para a pesquisa e desenvolvimento de novas variedades de cana. Segundo Sordi, este valor representa apenas 0,3% do faturamento anual do setor sucroalcooleiro.
Segundo Tadeu Andrade, diretor do CTC, “daqui a cinco anos essas novas variedades vão fazer a diferença na competitividade brasileira na produção sucroalcooleira.” Mas, até lá, segundo Andrade, mais 20 ou 30 novas variedades de cana serão lançadas. “A tendência é de que haja no máximo um ciclo de seis colheitas por variedade de cana, pois, nesse meio tempo, virão outras variedades, geneticamente superiores.”