Mercado

Crise força abertura do mercado americano ao etanol

A abertura do mercado americano para as importações brasileiras de etanol vai ocorrer nos próximos anos como consequência da crise mundial. A avaliação, do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), leva em consideração o que identifica como necessidade de um ajuste fiscal pelo governo do presidente Barack Obama. O ajuste, prescreve Mercadante, é o único instrumento do qual dispõem os EUA para lidar com os efeitos da expansão dos gastos públicos para combater a crise.

– Os EUA vão ter que fazer um ajuste fiscal, reduzir os gastos públicos, para conter os efeitos colaterais dos diversos pacotes lançados nos últimos meses para combater a crise – recomenda o senador. – Por isso, vão ter que eliminar os subsídios ao etanol de milho. Se não fizerem isso, vão ter mais problemas à frente. Os EUA vão ter que adotar a responsabilidade fiscal.

Efeitos sobre o Brasil

Com relação aos efeitos da crise mundial sobre a economia brasileira, Mercadante reluta em afirmar que o pior já passou, mas revela que alguns dados confirmam a hipótese. A arrecadação de impostos, lembra, começou em abril a dar sinais de recuperação no país. No Rio, exemplifica, o governo de Sérgio Cabral trabalha com a perspectiva de aumentar em 4% a arrecadação de impostos neste ano.

– Seguramente o pior já passou se a crise já tiver se mostrado por completo – pondera o senador. – Se levadas em consideração as condições já conhecidas da crise, tudo indica que a recuperação já tenha se iniciado.

Apesar do otimismo, Mercadante faz questão de atribuir a solução definitiva da crise à recuperação das economias americana e europeia, os dois maiores epicentros da turbulência global. No Brasil, justifica, o governo adotou medidas de fomento à liquidez do mercado bancário e de estímulo a setores como o automobilístico. Com as iniciativas, compara o senador, o governo exerceu a função de bombeiro.

– A crise age sobre o governo de duas formas: a primeira, ao obrigá-lo a atuar como bombeiro, para apagar o incêndio provocado pelo contágio lá de fora; a segunda, ao obrigá-lo a operar como arquiteto do novo contexto pós-crise.

Quanto ao segundo papel, o senador defende a importância de um conjunto de projetos de lei e emendas constitucionais já aprovadas no Congresso ou ainda em tramitação. Um deles, o que institui o cadastro bancário positivo, espera ver aprovado ainda neste primeiro semestre. Tido como fundamental até pelo setor bancário para forçar a queda dos spreads bancários, o cadastro cria uma espécie de histórico de crédito de cada correntista, o que permitirá aos bancos cobrar taxas diferenciadas entre os clientes. (R.R.M.)