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Crise afeta construção de usinas de álcool em MS

Dos 30 projetos de usinas de álcool e açúcar previstos em 2007 para Mato Grosso do Sul, apenas 11 estão em andamento. Dezessete projetos foram colocados em compasso de espera após estouro da crise financeira internacional, em meados do ano passado. Em Dourados, dos quatro projetos, um está em fase final,

outro aguarda financiamento e dois nunca mais se ouviu falar. O Estado tem 14 usinas de álcool e açúcar em operação.

Os 11 projetos de usinas em andamento têm previsão para início de operação em 2012, de acordo com a assessoria da Seprotur (Secretária de Produção e Turismo). Esses projetos estão com o termo de acordo assinado, alguns estão em obras e outros em fase de plantio da cana. Entre eles, está a Usina São Fernando, de Dourados, que deverá entrar em operação já na próxima safra. A usina está em fase final de montagem. O outro é o da Usina Dourados Álcool e Açúcar, do empresário Celso Dal Lago, que ainda não começou as obras, mas já tem todos os projetos, financiamento aprovado e 10 mil hectares de cana plantados.

Os outros dois projetos de Dourados são do grupo Benedito Coutinho, mais não se sabe se o empresário os mantém ou desistiu de construir as usinas. Eles estão entre os 17 que já assinaram o termo de acordo com o Estado, mas nada foi iniciado ainda em termos práticos. O termo, que serve para obter os inventivos fiscais, vale por dois anos, mas pode ser renovado.

Outra usina que está em fase final nas proximidades de Dourados (a apenas 40 km), é a Mato Verde, em Ponta Porã.

O empresário Celso Dal Lago, que pretende construir uma usina no distrito de Itahum, disse que o financiamento já está aprovado no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas o dinheiro ainda não foi liberado. Com a crise internacional, o banco ficou sem liquidez e aguarda o recebimento de passivos para poder retomar os empréstimos.

O custo da usina, segundo Dal Lago, gira em torno de R$ 300 milhões. A indústria, de médio para grande porte, deve moer pelo menos 3 milhões de toneladas de cana por ano. A cana, que já está produzindo, é entregue atualmente na usina Passa Tempo, em Rio Brilhante.

O empresário também tem outros dois projetos, um em Fátima do Sul e outro em Ponta Porã. O de Fátima está em fase de plantio da cana-de-açúcar. Cinco mil hectares de cana já estão sendo plantados. Para erguer a indústria, o empresário protocolou pedido de financiamento ao FCO (Fundo Constitucional do Centro Oeste), que está em análise. Já com relação a Ponta Porã, o projeto está paralisado no momento, segundo Celso. Ele busca um parceiro-investidor para viabilizá-lo. Recentemente, o presidente mundial da Bunge sobrevoou a região e manteve contados com Dal Lago sobre uma possível parceria.

Não só a Bunge, mas também a ADM, outra gigante do segmento de cereais e etanol, sondou uma possível parceria com Dal Lago. Outras multinacionais, como a Cargil, também observam a região de Dourados, segundo ele. “Essas empresas têm grande interesse em Dourados e região sul do Estado. A terra é boa, o clima é bom, a logística é boa – temos boa saída para os portos de Paranaguá e Santos e ainda agora temos a opção pelo porto de Concepción [no Paraguai] -, todo mundo quer entrar nesse mercado”, diz o empresário. Mas, segundo ele, o processo quando envolve grandes conglomerados é lento mesmo.

Por isso, ele acredita que vão surgir ainda mais projetos na região, após a superação da crise internacional, que reduziu o dinheiro para investimentos. O empresário também mantém confiança no negócio do álcool. “É um combustível limpo e em curto prazo é a melhor opção para substituir o petróleo, tanto nacional, como internacionalmente”, ressalta Celso Dal Lago.

Por isso, ele mantém firme o interesse na viabilização dos projetos de usinas.