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Criador do Proálcool critica investimentos estrangeiros

O responsável pela criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), José Walter Bautista Vidal, físico e professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB), criticou duramente os investimentos estrangeiros no segmento sucroaalcooleiro brasileiro.

Durante palestra na 2a Enerbio – Feira Internacional de Agroenergia, Biocombustíveis e Energias Renováveis, que está sendo realizada em Brasília/DF, até a próxima quinta-feira (11), Vidal chegou a exagerar, afirmando que o Brasil seria o novo Iraque, pois está sendo invadido pelos estrangeiros, com a pequena diferença de “não estar levando bombas”. Conforme o professor, a compra de propriedades de cana-de-açúcar e usinas por estrangeiros compromete a soberania nacional. O professor teme que ocorra no álcool o mesmo problema que afeta o petróleo, “dominado por uma estrutura de poder avassaladora, com grandes e poucos grupos dominando a distribuição, dominando, portanto, completamente o combustível”, salienta.

Vidal exige maior contribuição por parte do Estado para o setor de biocombustíveis. “O governo não está contribuindo de forma razoável. Nem precisaria ajudar, bastaria não atrapalhar”, critica. Segundo seus cálculos, a renda média do brasileiro pode aumentar em 70 vezes com o investimento nos biocombustíveis. O professor lamenta as visitas técnicas que o Brasil têm feito para oferecer a tecnologia brasileira na produção do álcool. “Tecnologia é um instrumento estratégico de competição, portanto ela não deve ser dada a ninguém”, explica.

Sobre o biodiesel, o professor acredita que o governo tem “falhado brutalmente, com políticas totalmente equivocadas. Quem é que está fornecendo a matéria-prima para o biodiesel? Os grandes grupos norte-americanos que dominam a soja no Brasil”, esclarece. Para Vidal, o “Brasil só tem bancos”, e faltam instituições que defendam a agroenergia. Assim como Getúlio Vargas afirmou na fundação da Petrobras, Vidal brada que “A Agroenergia é nossa!”. Ele sugere que o pequeno apoio receba incentivos para poder comprar terras e contribuir posteriormente para o desaquecimento global, e também propõe a criação imediata de uma grande empresa de economia mista de agroenergia. Além disso, Vidal afirma que é preciso “renacionalizar” a Petrobras, que segundo ele está em grande parte nas mãos de investidores norte-americanos.

Vidal afirmou ainda durante sua participação na Conferência Internacional dos Biocombustíveis, um dos diversos eventos paralelos da Enerbio, que o país precisa de um apoio e participação decisiva por parte do Estado, que tem que criar instrumentos que beneficiem os produtores de bioenergia.