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Crescimento mais lento não assusta

Depois de apresentar índices excepcionalmente elevados de crescimento, até o terceiro trimestre do ano passado, a indústria brasileira passou a acusar uma desaceleração do ritmo de atividade, segundo a Pesquisa Industrial Mensal da Produção Física Regional, do IBGE, referente a março. Isso era previsível e ocorreu em 11 das 14 regiões observadas. Até o primeiro trimestre de 2005, o que houve foi um recuo em relação a um período marcado por índices de crescimento muito elevados, que dificilmente poderiam ser sustentados.

A produção industrial brasileira aumentou 3,9% entre os primeiros trimestres de 2004 e 2005. Entre os Estados que cresceram acima da média estão São Paulo (5,2%), Minas Gerais (7%), Santa Catarina (8,7%) e Amazonas (o que mais cresceu, com 14,2%). Em 2004, a indústria de São Paulo chegou a crescer 16,5% no terceiro trimestre, sobre igual período de 2003.

Os destaques negativos, em março, foram o Rio de Janeiro, onde o crescimento foi de apenas 1%, e o Rio Grande do Sul, onde houve queda de 3,7%. Desde o ano passado, o desempenho do Rio Grande do Sul tem sido inferior à média nacional.

O Estado sofre com seca prolongada, que afetou o agronegócio; a valorização do real, que atingiu as exportações de calçados; e a alta dos preços do petróleo, que obrigou à paralisação da produção da Refinaria Ipiranga.

A queda na produção das refinarias de petróleo também afetou o Ceará e a Bahia. E ainda mais generalizado foi o efeito negativo da diminuição da produção de álcool.

Os dados do IBGE sobre a indústria paulista são compatíveis com os da Fiesp. Entre os primeiros trimestres de 2004 e de 2005, segundo a Fiesp, a indústria cresceu 4,6%. Os dados do emprego também foram favoráveis.

Em março, a indústria criou 9.217 vagas e, no primeiro trimestre, 30.488 vagas. A folha de salários aumentou 10,3% no primeiro trimestre, em relação a igual período de 2004. Este é um fator relevante para a continuidade do crescimento.

Outro indicador importante, o nível de utilização da capacidade instalada, aumentou de 80,1% para 82,4% entre março de 2004 e março de 2005. Esses porcentuais afastam o temor de um desaquecimento acentuado. Em fevereiro de 2005, o nível de utilização havia atingido 79,3%.

Se a produção continuar crescendo no ritmo atual, o desempenho da economia, no ano, será bastante satisfatório.