O ex-ministro da Economia e professor Paulo Guedes afirmou que o Brasil não tem outra alternativa senão crescer em direção à produção agropecuária e à segurança alimentar. Durante sua palestra de encerramento no 13º Congresso Andav, Guedes destacou que, nos próximos 20 anos, o Brasil seguirá em um ritmo de prosperidade agrícola.
“O Brasil pode crescer entre 4% e 5%, desde que seja bem administrado, tanto econômica quanto politicamente”, disse.
Guedes ressaltou a importância da sinergia entre o agronegócio e a indústria para sustentar esse crescimento contínuo, fundamentado em inovações sustentáveis. Ele encorajou os distribuidores presentes no evento a diversificar seus insumos ao longo de toda a cadeia produtiva. “Quem tem distribuição, tem força”, concluiu o ex-ministro, incentivando uma postura mais proativa no setor.
Durante o congresso, outro ponto de destaque foi a apresentação do estudo da Embrapa Territorial sobre o bioma Cerrado, conduzida pelo chefe Geral, Gustavo Spadotti. Segundo o estudo, o Cerrado é responsável por cerca de 50% da produção de cana-de-açúcar (em São Paulo e centro-sul), café (em Minas Gerais), eucalipto (em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul), milho e soja (no Centro-Oeste), além de responder por 98,8% da produção nacional de algodão, especialmente em Mato Grosso e Bahia.
As lavouras ocupam apenas 14,2% do bioma, enquanto as pastagens abrangem 29,4%. Estima-se que o rebanho bovino no Cerrado seja de 78 milhões de cabeças. Ainda assim, cerca de 52% do bioma permanece coberto por vegetação nativa. Spadotti ressaltou que a recuperação de áreas degradadas e a intensificação da produção têm sido práticas constantes na região, e que a falta de logística adequada tem incentivado a verticalização dos sistemas de produção, como a integração de soja, milho para ração e etanol para biodiesel.
Para Spadotti, o bioma Cerrado será o tema central da COP 30, dado que ocupa uma área de aproximadamente 204 milhões de hectares, abrangendo 12 estados e o Distrito Federal. A pesquisa apresentada destacou ainda a relevância da inovação tecnológica no setor agropecuário. “O agro brasileiro é um exemplo de práticas sustentáveis em vários elos da cadeia”, concluiu Spadotti, reforçando a posição do Brasil como líder em sustentabilidade agrícola.