

Independentemente do tamanho – que, em grande medida, dependerá da envergadura da quebra da safra canavieira no Centro-Sul do Brasil, provocada pelo clima mais seco que o normal -, esse déficit poderá conferir algum fôlego às cotações internacionais da commodity, em geral deprimidas nos últimos dois anos por conta de uma confortável relação entre produção e consumo.
Mas, conforme o Rabobank, se de fato sua projeção se confirmar e o déficit, portanto, for “modesto”, o impacto sobre os preços também não será dos mais significantes. Conforme a instituição de origem holandesa e forte atuação no agronegócio, 900 mil toneladas não serão suficientes para alterar o nível dos estoques mundiais. “Por isso nosso balanço preliminar para 2014/15 sugere apenas um suporte adicional limitado para os preços”, diz Andy Duff, analista corresponsável pelo estudo, em comunicado divulgado pelo banco.
Radicado no Brasil, Duff esclareceu ao Valor que o banco vislumbra produção mundial de 181,2 milhões de toneladas em 2014/15, para um consumo de 180,5 milhões. Apesar do resultado dessa conta ser positivo em 700 mil toneladas, a previsão de déficit do Rabobank – o trabalho divulgado ontem também é assinado pelo analista Rafael Barbosa – decorre de ajustes para consumos não registrados, recorrentes nesse tipo de análise. Em razão desse tipo de ajuste, a instituição calcula o superávit do ciclo 2013/14 em 1,4 milhão de toneladas, ainda que a produção tenha sido estimada em 181,5 milhões de toneladas e o consumo em 176,3 milhões.
Calculada pela Conab em 37,8 milhões de toneladas na safra 2013/14, a produção brasileira de açúcar vai sentir, em 2014/15, os efeitos de um clima bem mais seco que o normal no Centro-Sul do país, principal região canavieira do mundo. No Brasil, a safra 2014/15 começou “oficialmente” no mês de abril, enquanto a temporada internacional 2014/15 terá início em outubro. Na Índia, segundo maior país produtor de açúcar do planeta, a expectativa do Rabobank é que o volume no novo ciclo fique próximo das 24,1 milhões de toneladas de 2013/14, ainda que reflexos do fenômeno El Niño possam levar à redução desse volume.
Se o déficit chegar mais perto do que indicou no fim de junho a Datagro, é claro que os reflexos “altistas” sobre as cotações internacionais serão maiores. Cálculos do Valor Data indicam que a cotação média dos contratos de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) do açúcar na bolsa de Nova York ficou em 17,4 centavos de dólar por libra-peso no primeiro semestre deste ano, a menor média semestral desde a primeira metade de 2009. Ontem, esses papéis fecharam a US$ 18,55.
(Fonte: Valor Econômico)