A melhora dos fundamentos do biodiesel no Brasil e a perspectiva de recuperação da Brasil Ecodiesel, uma das maiores produtoras do biocombustível do País, motivou seus credores a abrirem a possibilidade de uma nova capitalização e renegociação das dívidas da companhia. A empresa informou ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que recebeu proposta da gestora de recurso Galleas, que representa parte de seus credores, que a operação significará aumento mínimo de R$ 90 milhões, ao preço de subscrição de R$ 0,70 por ação.
Deste total, R$ 20 milhões seriam subscritos em moeda nacional por meio de um fundo de investimentos. Os outros R$ 70 milhões (dívidas de longo prazo) seriam trocados por ações da companhia subscritas e integralizadas por um fundo (Neo Biodiesel Fundo de Investimento em Participações).
Ainda, o Galleas propôs a postergação de outros R$ 70 milhões em dívidas qu! e venceriam a partir de setembro deste ano para julho de 2010 até julho de 2014 corrigidas com 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
O valor de subscrição proposto (R$ 0,70) equivale a um deságio de 22% em relação ao fechamento dos papéis da empresa ontem) – R$ 0,91 na BM&F Bovespa. Quando abriu capital, em 21 de novembro de 2006, a Brasil Ecodiesel teve suas cotadas em R$ 9,97.
Já está em curso um aumento de capital da companhia de até R$ 104 milhões, dos quais R$ 52 milhões em conversão de dívidas e a outra metade, de adesão dos minoritários, cujo pedido de subscrição termina na próxima quarta-feira, dia 3 de junho.
Desde meados de 2008, a Brasil Ecodiesel corre contra o tempo para renegociar seus débitos que, ao final de março deste ano somava os mesmos R$ 209 milhões de igual período de 2008. No último balanço, a empresa anunciou que conseguiu alongar por 18 meses uma dívida de curto prazo de R$ 13 milhões.
A proposta informada on! tem, em parte, envolve os débitos já postergados em agosto do ano passado (com carência de um ano e 36 meses de amortização), quando a companhia renegociou R$ 205,866 milhões, o equivalente na época a 82,65% de toda sua dívida. A maior parte (R$ 140,118 milhões) foi acordada com os bancos Bradesco, Fator, Fibra, BMG, Daycoval e Cédula.
Há vários trimestres consecutivos a empresa vem registrando prejuízos, em grande parte, causados pelas adversidades do mercado de biodiesel no Brasil. No primeiro trimestre, o prejuízo foi de R$ 27,4 milhões. Em todo o ano de 2008, o prejuízo acumula R$ 197 milhões.
Desde meados do ano passado, as condições para o mercado de biodiesel melhoraram para as empresas do setor, sobretudo pela queda dos preços do óleo de soja, aumento do valor pago nos leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e, mais recentemente, com o aumento do percentual de mistura obrigatória do biocombustível no diesel, de 3% para 4%, o que deve elevar a demanda pelo! produto dos atuais 1,35 bilhão para 1,8 bilhão de litros anuais.