Até setembro, as exportações do agronegócio foram de US$ 36 bilhões, 11% acima de 2005. Pela primeira vez nos últimos cinco anos, os preços internacionais das commodities é que estão impulsionando os recordes nas exportações do agronegócio brasileiro. De janeiro a setembro, as vendas externas do setor somaram US$ 36 bilhões, receita 11% superior ao mesmo período de 2005. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, cerca de 65% deste incremento é resultado das cotações mais altas, enquanto o restante é fruto da quantidade maior comercializada com o exterior. Com isso, o agronegócio respondeu por 35,8% das exportações do Brasil no acumulado do ano.
Ao mesmo tempo em que a receita com as exportações cresceu, as compras do setor também aumentaram: 27% totalizando US$ 4,78 bilhões. Apesar disso, o saldo da balança comercial segue em alta US$ 31,27 bilhões, recorde para o período. Com esses resultados, o governo acredita que, ao final do ano, o agronegócio somará US$ 48 bilhões em exportações, com superávit de R$ 42 bilhões.
Dos US$ 3,6 bilhões de aumento nas vendas externas de um ano para o outro, a maior parte veio do bom desempenho dos segmentos sucroalcooleiro, de celulose e cereais. “A grande vedete foi o álcool”, diz Eliezer Lopes, coordenador geral de organização para exportações do ministério. Pela primeira vez, as exportações de álcool superaram US$ 1 bilhão – dos US$ 5,12 bilhões do complexo sucroalcooleiro – variação de 86% em um ano.
Alta nos preços
“O que está acontecendo é uma confluência de produtos importantes da pauta com preços razoáveis”, explica Alexandre Mendonça de Barros, analista da MB Associados. Segundo ele, o aumento da demanda por alimentos e, em alguns casos, a quebra de safra de certos produtos, diminuindo a oferta, estão impulsionando os preços destas commodities.
Exceto a soja, com queda de 4,3% nos valores praticados, os principais produtos do agronegócio registraram alta nas cotações neste ano no mercado internacional. Destaque para o complexo sucroalcooleiro, que teve aumento superior a 55% no preço do açúcar e de 60% no do álcool, desde janeiro.
No mesmo período, as carnes bovina e suína também registraram incremento nos valores pagos, em virtude de um consumo maior. “Houve uma substituição por causa da preocupação com a gripe aviária”, explica Mendonça de Barros.
Enquanto isso, de janeiro a setembro, o café acumulou alta de 6,8%. Este, devido a um equilíbrio entre a oferta e demanda. Por outro lado, os preços da laranja foram impulsionados por duas quebras de safras consecutivas na Flórida.
“Em muitos setores, a alta nos preços internacionais compensou a variação do dólar”, argumenta Lopes. O coordenador do ministério explica que entre 2000 e 2002, os resultados positivos da balança comercial do agronegócio eram influenciados pelo aumento nos volumes comercializados. A partir de 2003 houve recuperação nos preços das commodities, mas ainda assim o volume respondia mais pelo crescimento do que o valor. Neste ano, o que impulsionou a receita foi a cotação, muito mais que a quantidade.
Por produto
A soja continua sendo o principal produto da pauta de exportações do agronegócio. De janeiro a setembro, o Brasil comercializou com o exterior US$ 7,5 bilhões, valor 2,4% superior ao registrado no mesmo período de 2005, fruto de um volume 5,4% superior.
As carnes foram o segundo produto mais vendido, com receita de US$ 6,1 bilhões, variação de 0,1%. O resultado só não foi negativo devido à carne bovina, uma vez que em frangos e suínos houve queda no volume exportado. “As restrições comerciais favoreceram os preços”, diz Lopes, referindo-se à febre aftosa no Brasil e ao auto-embargo argentino. Desde o início do ano, as cotações da carne bovina in natura aumentaram 13,6%, enquanto a quantidade foi apenas 1,1% superior.
No mês
As exportações do agronegócio totalizaram US$ 4,28 bilhões em setembro, alta de 12,2% em relação ao mesmo período de 2005, enquanto as importações aumentaram 46,6%, somando US$ 601 milhões. Com o resultado, o setor registrou superávit de US$ 3,6 bilhões.