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Cosan tem desempenho pior após US$ 2,4 bi em compras

Os títulos da Cosan SA Indústria e Comércio, produtora de açúcar cujas aquisições desde fevereiro somam US$ 2,4 bilhões, estão com desempenho pior que os de seus pares por conta do receio que o aumento em sua dívida levará a cortes em sua nota de crédito.

Os US$ 500 milhões em títulos perpétuos em dólar da Cosan têm taxa de 7,95 por cento, ou 146 pontos-base a mais que papéis similares de companhias latino-americanas, segundo dados compilados pela Bloomberg e pelo Credit Suisse Group AG. No fim de 2011, o rendimento estava em 76 pontos-base, ou 0,76 ponto percentual. A Cosan, que controla a maior usina de cana de açúcar do mundo em parceria com a Royal Dutch Shell Plc, tem nota Ba2 na Moody’s Investors Service e BB+ na Fitch Ratings.

Na semana passada, a Fitch disse que pode cortar a nota da Cosan após o anúncio que a empresa fechou acordo para comprar a Companhia de Gás de São Paulo por US$ 1,8 bilhão, maior aquisição desde 2005. Filippe Goossens, analista da Moody’s, disse que a compra elevaria a dívida da Cosan, prejudicando seus esforços para obter grau de investimento. A Cosan, com sede em São Paulo, aceitou em março pagar US$ 100 milhões pela Comma Oil and Chemicals à Exxon, e outros US$ 522,8 milhões por uma participação na ALL América Latina Logística SA em fevereiro.

“Agora o desafio é maior para obterem o grau de investimento”, disse Goossens em entrevista por telefone. “Os anúncios recentes são negativos para o risco da Cosan. Os níveis de alavancagem definitivamente serão maiores que os que tínhamos antecipado.”

Os títulos da Cosan tem taxa 353 pontos-base mais alta que em papéis do governo com vencimento em 2041, contra diferença de 323 pontos-base há um mês, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Plano de diversificação

A companhia anunciou em comunicado em 3 de maio que assinou acordo com a BG Group Plc, sediada em Reading, na Inglaterra, para compra de sua fatia de 60,1 por cento na Companhia de Gás de São Paulo – Comgás, que é a maior distribuidora de gás do Brasil. A aquisição, que ainda precisa da aprovação dos acionistas, é parte dos esforços do presidente e fundador da Cosan, Rubens Ometto, de se expandir do etanol para combustíveis fósseis, desde a compra dos ativos de distribuição da Exxon no Brasil por US$ 826 milhões em 2008.

A Cosan pode vender títulos para financiar a aquisição da Comma Oil, disse o chefe da divisão de lubrificantes, Nelson Gomes, em entrevista em 1 de março.

Um assessor de imprensa da Cosan, que pediu para não ser identificado em obediência à política interna, se recusou a fazer comentários sobre o desempenho dos títulos ou sobre planos de emissão de dívida.

A dívida líquida da Cosan vai subir de 2,1 vezes para 3,7 vezes após a compra da Comgás, disse a Fitch em comunicado em 3 de maio.