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Cosan perto de assumir Vale do Rosário

Ribeirão Preto (SP), Em reunião a ser realizada nesta semana , destinos das usinas poderá ser definido. A Cosan S.A. Indústria e Comércio, com sede em Piracicaba (SP), está em fase final de aquisição do controle acionário da Companhia Açucareira Vale do Rosário (CAVR), de Morro Agudo (SP). Caso o negócio seja concluído, o que poderá acontecer em reunião nesta sexta-feira, a Cosan consolidaria a posição de maior produtor mundial de açúcar e álcool.

Ao adquirir o controle da Vale do Rosário, a Cosan poderá assume o controle acionário das usinas MB, de Morro Agudo, e Jardest, de Jardinópolis, que são controladas pela Vale do Rosário.

Assim, a Cosan passa a ser composta por 20 unidades produtoras de açúcar e álcool, que representam algo próximo a 15% da cana-de-açúcar processada no País.

Segundo uma fonte próxima das negociações, o controlador da Cosan, Rubens Ometo da Silveira Mello, estaria disposto a pagar o equivalente a R$ 70 por tonelada de cana processada pelas três unidades. Considerando que as três usinas processarão 11 milhões de toneladas, a parte industrial das três usinas – que é o que está sendo adquirido – estaria avaliada em R$ 770 milhões. Como a Cosan deverá adquirir apenas o controle, o negócio deverá ficar ao redor de R$ 400 milhões, segundo a fonte.

Criada em 1965, a Vale do Rosário tem o capital bastante pulverizado. São 180 acionistas. Mas, membros das famílias Junqueira, Brito Pereira, Almeida Prado e Biagi, entre outros, que têm juntos metade do capital da Vale do Rosário, estariam contra a venda da usina. Assim, a Cosan precisa da aprovação dos chamados “minoritários”, o que estaria dificultando o negócio.

“Faz muito tempo que eles (a Cosan) estão tentando (adquirir a Vale do Rosário). Mas, por enquanto, não tem nada efetivado”, disse ontem a este jornal Walter Biagi Becker, diretor da MB e representante da família Biagi nas usinas.

Ontem, a ação da Cosan ON NM foi a que mais oscilou na Bovespa, com um salto de 10%, para R$ 40,7. Não foi atoa que a companhia teve de divulgar ontem fato relevante informando o mercado que “celebrou contrato por meio do qual, mediante a implementação de certas condições suspensivas, se comprometeu a adquirir ações ordinárias e nominativas de emissão da Companhia Açucareira Vale do Rosário”. “Dentre as diversas condições suspensivas aplicáveis”, segundo o fato relevante, “destacamos (i) a necessidade de adesão de acionistas da CAVR que representem, no mínimo 50% mais uma ação do capital social da CAVR, e (ii) a celebração de Acordo de Acionistas pelos acionistas da CAVR que aderirem à operação”.

“Os minoritários, em sua maioria fornecedores de cana, querem vender a usina”, disse a fonte. Segundo ele, como o negócio está avaliado em R$ 770 milhões, o acionista que tiver 1% da Vale do Rosário embolsaria R$ 7,7 milhões. “É um bom negócio, principalmente se levarmos em conta que o acionista minoritário continuará a ser fornecedor de cana da usina”, disse a fonte.

No seu último balanço semestral, encerrado em 31 de outubro de 2006, a Cosan registrou receita líquida de R$ 1,9 bilhão, ou 82% mais do que no mesmo período do exercício fiscal anterior. Nos seis meses, a companhia ainda registrou um lucro de R$ 129,1 milhões, em comparação com um prejuízo de R$ 22,5 milhões, graças, segundo o relatório do balanço, a vendas recordes de açúcar e álcool e a um aumento de 20% no preço médio dos produtos.

Na safra 2005/06, o grupo, ainda com 14 unidades, processou 27,9 milhões de toneladas de açúcar e produziu 2,5 milhões de toneladas de açúcar e 1 bilhão de litros de álcool.

(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 6)(Edson Álvares da Costa)