A diversificação no portfólio da Cosan, liderada pela incorporação da Esso – hoje Cosan Combustíveis e Lubrificantes (CCL) -, irá mudar a composição da receita e a participação por produto. Os segmentos de açúcar e álcool deverão perder espaço nos próximos anos e a previsão é a de que até 2013, quando estiver finalizada a 1ª fase dos investimentos na área de combustíveis, energia e logística, a contribuição da venda de gasolina e diesel para a receita da companhia avance dos atuais 60% para uma participação que poderá chegar a 75%. Em relação ao Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de impostos, taxas, amortizações e depreciações) a empresa também vê uma alteração significativa. A perspectiva é a de que a CCL, juntamente com os projetos de co-geração, representem dentro dos próximos quatro anos mais de 50% dos negócios da empresa. Hoje, juntos, esses segmentos respondem por 37% dos negócios da companhia enquanto açúcar e álcool equivalem a 60%.
“Nossa estratégia de crescimento com a CCL prevê um aumento de 10% no número de postos por ano. Junto com a Rumo (empresa de logística da Cosan) vão representar mais de 50% dos negócios quando essas empresas estiverem funcionando plenamente”, afirmou Marcelo Martins, diretor financeiro e de relações com investidores da Cosan. O incremento de 10% irá resultar no cooptação de 150 postos por ano, o que será feito por meio da conversão de bandeiras brancas através de contratos de fornecimento de 4 a 5 anos.
A aquisição da CCL alterou ainda a composição dos mercados interno e externo na receita do Grupo, dobrando a participação do primeiro. No primeiro trimestre do ano-fiscal vigente 80% da receita da Cosan veio das vendas domésticas, enquanto que no mesmo período do ano passado, antes da incorporação, a participação do mercado brasileiro era de apenas 41%.
A incorporação da antiga Esso deverá provocar uma forte distorção nos resultados da Cosan este ano. Com a compra da CCL a previsão de crescimento da receita no ano fiscal, que começou no último mês de abril, é de 400%. Sem a participação da companhia a estimativa é de 90%.
Preços
A companhia prevê a sustentação das cotações do açúcar e a recuperação dos preços do etanol até o final da próxima safra. Segundo o diretor financeiro da empresa, o Brasil não deve conseguir suprir a demanda por açúcar e o alto volume de chuvas, especialmente no Estado de São Paulo, deve resultar ainda em uma nova redução da oferta. “Ainda que apresente grande volatilidade o preço do açúcar deve continuar em patamares elevados até o fim da safra que vem”, afirmou Martins.
Mesmo apostando na manutenção das atuais cotações do açúcar a empresa já fez o hedge de pouco mais de 20% da sua safra 2010/2011, que ainda será plantada e deve intensificar a proteção nas próximas semanas. “O preço já é interessante e dá resultados para o negócio. A estratégia é continuar travando”, disse o executivo.
A companhia deve ainda nos próximos dias avaliar o impacto do tempo sobre a safra de cana-de-açúcar. Por enquanto a empresa mantém a previsão de moer 56 milhões de toneladas nessa safra. “Podemos alongar a moagem no decorrer do ano”, afirmou Martins. Ele destacou ainda que as chuvas ocorreram justamente durante o pico da quantidade de Açúcar Total Recuperável (ATR) na safra, desestabilizando a dinâmica das usinas. “O aumento das chuvas ocorreu no período de maior rentabilidade na safra e por isso deve gerar impacto, mas a projeção de 56 milhões está mantida”, garantiu.
Para o etanol a previsão da empresa é que mesmo o produto não apresentando uma forte recuperação nos preços a perspectiva é a de que a retomada avance sobre a próxima safra. Quanto às exportações do biocombustível a Cosan só trabalha com a estimativa de aumento da demanda no mercado interno. “Apesar de nos Estados Unidos ter aumentado a necessidade de importação não deve ser considerado um mercado relevante no curto e médio prazo”, avaliou Martins.