A Cosan, maior produtora brasileira de açúcar e álcool, declarou nesta sexta-feira que poderia manter suas usinas funcionando regularmente por até 10 ou 15 dias depois que a queima de cana foi suspensa no Estado de São Paulo.
Mas não descartou uma redução da oferta e conseqüente aumento de preços do açúcar e do álcool, caso a proibição se mantenha por um período maior.
Devido à baixa umidade relativa do ar, a Secretaria do Meio Ambiente suspendeu por tempo indeterminado a partir da quarta-feira as queimadas de cana no Estado. A prática é largamente adotada pois facilita a colheita manual de cana.
“Até pela multiplicidade de usinas existentes e pela mecanização, estamos numa situação confortável pelos próximos 10, 15 dias”, afirmou o vice-presidente financeiro da Cosan, Paulo Diniz, numa teleconferência com jornalistas sobre os resultados do exercício de 2006.
“Acreditamos que dentro desses próximos dias, a coisa possa ser equalizada, sim, porque existe até o efeito contrário… quando você entra num caminho desses… o efeito pode ser uma redução da disponibilidade dos produtos com consequente aumento no preço, quer seja açúcar ou álcool, o que não seria muito agradável”, completou.
A Cosan tem 17 unidades produtoras de açúcar e álcool, todas no Estado de São Paulo, o maior produtor de cana do País, com 60% da safra nacional. Mais de 60% da colheita do Estado é feita manualmente.
Diniz disse que o setor foi “pego de surpresa” com a decisão do governo, mas acrescentou que a Cosan pode ser beneficiada neste momento por ter cana já cortada em estoque.
Além disso, segundo ele, a empresa teria condições de intensificar a colheita com máquinas nos próximos dias, assim como a colheita manual sem queima. Isso normalmente já ocorre em áreas em que a fumaça pode ser um problema, como perto de rodovias.
Em entrevista à Reuters na quinta-feira, Manoel Ortolan, presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canoeste), afirmou que a suspensão da queima pode gerar interrupções na moagem do Estado se for perdurar por vários dias.
“Se isso tiver uma solução rápida, não vai atrapalhar nada… Se a coisa se estender começa a complicar, evidentemente… você começa a comprometer a moagem das usinas”, disse.
Há a previsão de chegada de uma frente fria no Estado pelos próximos dias, mas não se sabe ainda se ela poderá gerar chuvas generalizadas.
Justamente devido à falta de chuvas nos últimos meses, a moagem de cana do Centro-Sul está avançando de forma acelerada e o rendimento industrial está elevado. Este seria, portanto, o primeiro contratempo da temporada relacionado à produção.