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Cosan fará usinas fora de São Paulo

O Grupo Cosan, com 17 usinas de açúcar e álcool em São Paulo, prepara-se para fazer seus primeiros investimentos na construção de novas usinas de açúcar e álcool (projetos conhecidos como “greenfield”). O Valor apurou que o grupo deverá investir, em um primeiro momento, mais de US$ 600 milhões na construção de três unidades, que processarão, juntas, 10 milhões de toneladas de cana.

Procurado, Paulo Diniz, vice-presidente de finanças do grupo, não confirmou nem negou o investimento. Admitiu, contudo, o interesse do grupo em projetos “greenfield”. Mas, segundo fontes do setor, o planejamento está adiantado e as novas usinas deverão ser erguidas fora de São Paulo. Uma vez fora do papel, serão os primeiros passos do maior grupo sucroalooleiro do Brasil fora do Estado. O próprio Diniz confirmou que os projetos “greenfield” fora de São Paulo são mais viáveis, uma vez que os preços das usinas paulistas estão “impraticáveis”.

As mesmas fontes ressaltam que a decisão da Cosan também assinala uma importante mudança estratégica, uma vez que o vigoroso crescimento da empresa foi sustentado, até agora, por aquisições de usinas em operação.

Para colocar seu projeto em prática, afirmam as fontes, a Cosan mapeou as regiões produtoras consideradas “novas fronteiras” para cana – sobretudo Centro-Oeste e Triângulo Mineiro, que já começaram a receber investimentos para os projetos de novas usinas de outras empresas.

Nesta primeira fase de investimentos em projetos greenfield, ainda conforme apurou o Valor, o grupo quer erguer as três novas unidades a uma distância de 40 a 50 quilômetros entre si, para manter a sinergia da operação e facilitar o escoamento da produção. Com uma capacidade de produção de 40 milhões de toneladas de cana, as atuais 17 usinas do grupo estão próximas do limite. Na safra 2006/07, elas processaram, juntas, 36,6 milhões de toneladas.

A primeira experiência da Cosan fora de São Paulo foi há três anos, quando o grupo adquiriu a refinaria catarinense Usati, desativada dois anos depois. Hoje, sua produção de cana está concentrada nas principais regiões produtoras de São Paulo, exceto Ribeirão Preto (SP). A tentativa da companhia de avançar em Ribeirão Preto foi frustrada neste ano, quando o grupo tentou, sem sucesso, comprar a maioria das ações da Vale do Rosário, de Morro Agudo (SP).

Nos novos planos da Cosan, também há estudos para apostas fora do Brasil, provavelmente no Caribe, considerada estratégica uma vez que o álcool produzido na região entra nos Estados Unidos isento de tarifa de importação de US$ 0,54 por galão, por conta do acordo do governo americano com os países caribenhos. O açúcar produzido naquela região também deverá ser destinado para a União Européia, que mantém acordo com esses países.