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Cosan compra usina e anuncia investimentos de US$ 1,7 bilhão

A Cosan, maior produtora de açúcar e álcool do Brasil, anunciou ontem um plano de investimentos de US$ 1,7 bilhão em quatro a ser realizado ao longo dos próximos quatro anos. Também ontem, a empresa anunciou a aquisição da usina Santa Luiza por R$ 179,3 milhões, em parceria com a São Martinho e a Santa Cruz. Essa compra, no entanto, não está incluída no plano de investimentos. Localizada em Motuca (SP), a Santa Luiza tem capacidade de moagem de 1,8 milhão de toneladas.

O plano de investimentos da Cosan contempla desde a construção de usinas de açúcar e álcool à co-geração de energia por meio do bagaço da cana. A origem dos recursos, porém, não foi especificada. Estamos estudando todas as possibilidades, disse Paulo Diniz, diretor-financeiro da empresa. No início do ano, a empresa fez uma captação de US$ 400 milhões, e afirma ter atualmente US$ 600 milhões em caixa.

O principal projeto do grupo é a construção de usinas em novas regiões. O primeiro greenfield, como esses novos projetos são chamados, ficará em Goiás, e receberá investimento de US$ 650 milhões. Serão três usinas: a primeira, na cidade de Montividiu, começa a funcionar em 2009. As usinas seguintes ficarão em Jataí e Paraúna. A empresa estima que em 2012 as usinas produzam, juntas, 9,9 milhões de toneladas.

Esses números indicam que o projeto teria um custo de US$ 65/tonelada de moagem. É o valor que consideramos médio, quando pensamos em possíveis aquisições, diz Diniz. Não descartamos fazer novas aquisições. Mas se comprar uma usina custar mais que isso, para nós é melhor criar outro greenfield. No caso da usina Santa Luiza, o valor médio saiu por US$ 50/tonelada.

O preço das usinas está proibitivo, afirma o usineiro Maurilio Biagi, consultor da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). Construir usinas próprias é a melhor estratégia. A Cosan teve sorte de seu negócio com a Vale do Rosário não ter dado certo. Em fevereiro, a Cosan ofereceu US$ 750 milhões pela usina, comprada pelos acionistas minoritários por US$ 800 milhões.

A Cosan já pesquisou locais para novas usinas no Centro-Oeste, no Norte e no Nordeste. Novos investidores são bem-vindos, disse Diniz. O sócio-diretor da consultoria Panelli Motta Cabrera e Associados, Luiz Alberto Panelli, diz que Goiás e Mato Grosso são as bolas da vez. Quando o preço das usinas chegar a um limite, as empresas crescerão indo para estes locais.

Nas 17 usinas da Cosan já existentes serão aplicados US$ 501 milhões, que ampliariam a capacidade de 40 milhões para 50,6 milhões de toneladas/ano até 2012. A Cosan anunciou também planos de co-geração de energia. O investimento neste projeto seria de US$ 448 milhões. Os recursos possibilitarão chegar a uma capacidade instalada de 390 megawatts – atualmente a empresa produz 163 MW. Além de se tornar auto-suficiente, a venda da energia excedente deve gerar à Cosan uma receita de R$174 milhões por ano.