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Cosan capta US$ 1,6 bi em dois anos

A produtora de açúcar e álcool Cosan avalia fazer oferta pública de resgate antecipado de US$ 200 milhões em eurobônus emitidos em 2004 e até realizar novas captações por meio da emissão de ações no mercado americano. As informações são de Paulo Diniz, vice-presidente financeiro.

Ele comemorava ontem a demanda de US$ 2,2 bilhões obtida no lançamento de eurobônus com vencimento em dez anos. A empresa pretendia obter US$ 300 milhões, mas acabou elevando o total para US$ 400 milhões e reduzindo o rendimento pago ao investidor a 7,25% ao ano, com relação aos 7,375% propostos inicialmente. Com a operação, a empresa já acumula US$ 1,6 bilhão em captações no mercado de capitais (ações e títulos no exterior) em dois anos, o que permitiu o aumento de 25% na produção.

Segundo Diniz, o rendimento de 7,25% ao ano é o menor pago por uma empresa brasileira que não é “grau de investimento” – que tem seus títulos incluídos na categoria de investimento especulativo. “Os principais compradores foram os investidores americanos”, diz José Olympio Pereira, responsável pelo banco de investimento do Credit Suisse, que liderou a operação. Ele conta que 8% das compras vieram da Ásia, 28%, da Europa, e 68% das Américas.

Dos US$ 400 milhões obtidos agora, cerca de US$ 177 milhões irão para projetos de co-geração de energia, afirma Diniz. Outros R$ 95 milhões serão utilizados para ampliar de 1,2 milhão de toneladas para 3,8 milhões de toneladas a capacidade de moagem da usina de Gasa, em Andradina (SP). O restante será utilizado para ampliar a automação da colheita e para criar um “colchão de liquidez” para que a empresa possa fazer aquisições.

Segundo Diniz, é na entressafra que começa agora o momento mais propício para comprar outras empresas. Com caixa de R$ 1,2 bilhão, as compras de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões poderão ser feitas “com as próprias pernas”, define Diniz. Se forem maiores, a empresa terá de captar mais.

A Cosan solicitou R$ 500 milhões do BNDES e se obtiver os recursos terá liquidez de sobra para recomprar agora até US$ 200 milhões em títulos que só vencem em 2009. Emitidos em 2004 pelo prazo de cinco anos, esses papéis pagam 9% ao ano.

Segundo Diniz, por causa do estresse causado nos mercados emergentes pelos dirigentes de nossos vizinhos latinos, as visitas aos investidores feitas pela empresa tiveram de ser mais “intensas” – cerca de oito por dia, começando às 6h30. “Conseguimos sucesso ao mostrar que somos diferentes”, contou. “O investidor internacional vê o Brasil no contexto dos BRICs e não da América Latina e o setor de açúcar e álcool atrai especial interesse”, completa José Olympio Pereira.