No acumulado em 12 meses até julho, o Brasil registra um déficit de US$ 571,8 milhões. A corrente de comércio entre Brasil e Índia, atualmente em US$ 2,5 bilhões, poderá chegar a US$ 5 bilhões – ou dobrar, a US$ 10 bilhões – nos próximos cinco anos. A projeção foi feita ontem pelo embaixador daquele país, Hardeep Singh Puri, no lançamento da Câmara de Comércio Brasil-Índia, em São Paulo.
O ritmo de negócios entre os dois países, embora crescente, está abaixo do esperado. A estimativa de uma corrente de US$ 5 bilhões não é nova, foi feita em 2003 pelo então cônsul-geral indiano em São Paulo, Yogeshwar Varma e tinha como meta 2005. No ano passado, no entanto, o montante chegou a US$ 2,3 bilhões, menos da metade desejada.
Tal desempenho, embora reconhecidamente fraco, parece não desanimar o embaixador para quem o ritmo de expansão da asseguraria a meta “Hoje a corrente já é cinco vezes superior ao que era em 2000”, disse ele acrescentando, no entanto, que “US$ 2,5 bilhões é muito pouco, apesar de os dois países não terem o mesmo ritmo de crescimento, o Brasil é muito rico” e há muitas possibilidades de negócios. O PIB indiano cresce em média 7%, enquanto o brasileiro patina entre 2% e 3%.
A criação da Câmara acontece às vésperas da chegada do primeiro-ministro Manmohan Singh ao Brasil, no próximo dia 13, para a 1 Reunião de Chefes de Estado e de Governo do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (IBAS), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, em Brasília. Na pauta, interesse comuns, como comércio mundial e intercâmbio entre o chamado eixo Sul-Sul. Será a primeira visita de um premiê indiano ao País em 38 anos.
A reunião na capital federal acontece após encontro entre representantes do Grupo dos 20 (G20) a ser realizado nos dias 9 e 10 de setembro, no Rio. O grupo, que tem os três países como principais líderes, vai analisar a estagnação das negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), estagnada pela discussão em torno da redução dos subsídios agrícolas. “Não sei se estou otimista, mas temos que fazer esforços. Brasil e Índia estão comprometidos (apesar das divergências) mas, estando no jogo há mais de vinte anos, temos de ser realistas”, disse Puri.
Etanol é destaque
Também está prevista uma reunião com empresários dos três países. A missão chefiada pelo primeiro-ministro indiano deverá trazer representantes das principais empresas daquele país. Segundo Puri, as indianas buscam investir no Brasil e uma das grandes possibilidades é o etanol. Hoje com uma mistura de 5% do combustível à gasolina, eles planejam subir para 10% e, para tanto, precisam importar o produto.