A Copersucar, a maior cooperativa de açúcar e álcool do mundo, assinou ontem um acordo comercial com a companhia japonesa JBSL (Japan Biofuels Supply LLP), que representa dez distribuidoras de combustíveis do Japão, para exportar 200 milhões de litros de álcool carburante (anidro) por ano.
O contrato de exportação – assinado no momento em que o ministro da economia japonês Akira Amari visitava o Brasil – é de quatro anos e poderá ser renovado.
A receita com os embarques anuais deve somar cerca de US$ 100 milhões, considerando as cotações atuais do combustível.
Pelo acordo fechado com a companhia japonesa, a Copersucar exportará 200 milhões de litros de álcool anidro para a Lyondell, uma das maiores companhias petrolíferas dos EUA.
Em Houston (Texas), o álcool brasileiro será utilizado na composição do ETBE (éter etílico terc-butílico), um aditivo que contém etanol misturado com derivados de petróleo.
Após a industrialização, o ETBE será misturado à gasolina no Japão.
“Nosso contrato prevê fornecimento exclusivo de álcool para que a Lyondell faça a mistura na gasolina”, afirmou Hermelindo Ruete de Oliveira, presidente da Copersucar.
A mistura do ETBE é uma das alternativas que o Japão estuda para misturar à gasolina.
Nesse sentido, a Petrobras também tem acordo com a japonesa Mitsui para produzir álcool no Brasil em parceria com usinas locais para levar o combustível ao Japão.
A estatal já exportou álcool carburante para o país, mas em pequena escala, como teste.
Ontem, a Petrobras informou que deverá fazer parceria com uma usina de Itarumã (GO) para iniciar a produção de etanol para vender ao mercado japonês.
O Japão consome 60 bilhões de litros de gasolina por ano.
E o governo daquele país já estuda, há alguns anos, a mistura de 3% de álcool na gasolina, o que geraria uma demanda de 1,8 bilhão de litros anuais.
No futuro, pretende elevar a mistura para 10%, o que criaria uma demanda maior, de 6 bilhões de litros/ano.
Atualmente, o Japão importa cerca de 200 milhões de litros de álcool, mas a maior parte é destinada para as indústrias químicas, de bebidas e farmacêuticas.
No domingo, o diretor de recursos naturais e política energética do Ministério da Economia japonês, Hiraku Tomofumi, antecipou que importadores japoneses iriam firmar acordo com exportadores brasileiros para a compra de etanol.
Segundo Ruete, no contrato firmado com a JBSL há cláusulas de sustentabilidade, no qual a Copersucar se compromete a não produzir álcool em áreas de riscos ambientais e fora do bioma amazônico, sem a contratação de mão-de-obra infantil.
Esse tipo de cláusula tem ganhado força no Brasil, por conta das exigências internacionais.
Em fevereiro passado, a Copersucar fechou contrato de entrega de álcool industrial, com preços indexados ao petróleo, com a multinacional Solvay do Brasil.
Esse contrato, firmado por 10 anos, prevê a entrega de 150 milhões de litros por ano.
Como não há um índice para o preço internacional do álcool, os contratos de exportação têm como referência as cotações do produto no mercado físico, com base nos preços nos EUA e no Brasil, os dois principais players globais.
Nesta safra, a 2008/09, a Copersucar deverá exportar 1,05 bilhão de litros.
Se confirmadas as estimativas, será um crescimento de 38% em relação ao ciclo 2007/08.
Embalado pelo mercado crescente de etanol no exterior, o faturamento da Copersucar para 2008/09 deverá ficar em R$ 5,5 bilhões, aumento de 22% sobre a safra anterior, se confirmadas as expectativas.
Fundada em 1959, a cooperativa tem 33 unidades de açúcar e álcool e deve processar nesta safra 70 milhões de toneladas de cana, 7,5% mais que em 2007/08.
A produção de álcool está estimada em 3,7 bilhões de litros, alta de 14%, e a de açúcar em 3,9 milhões de toneladas, incremento de 10%.